VATICANO, 16 de jul de 2021 às 16:30
O motu proprio Traditionis custodes emitido pelo papa Francisco para restringir celebrações da missa na forma anterior à reforma do Concílio Vaticano II foi recebido com críticas por parte de organizações de defesa da missa tradicional.
Com o novo documento, o papa revoga a liberdade concedida a todos os sacerdotes de celebrar a missa chamada antiga através do motu proprio Summorum pontificum, de 2007. Agora, os padres terão que pedir autorização a seus bispos e as missas com o rito antigo não serão mais realizadas nas igrejas paroquiais; o bispo determinará a igreja e os dias de celebração.
Joseph Shaw, diretor da Latin Mass Society of England and Wales, disse à CNA, agência em inglês do grupo ACI, que o motu proprio parece “desfazer completamente as garantias legais feitas para a missa tradicional pelo papa Bento XVI e levar-nos de volta não só à situação anterior à carta apostólica Summorum pontificum, de 2007, mas até antes de 1998, quando o papa João Paulo II, que foi canonizado pelo papa Francisco, descreveu a missa mais antiga como uma ‘legítima aspiração’ dos fiéis”.
“Os muitos padres e leigos católicos que trabalharam duro para combinar um interesse nas riquezas representadas pela forma extraordinária com sincera lealdade e afeto pela hierarquia e pelo Santo Padre foram deixadas de lado por esse documento”, disse Shaw. Forma extraordinária foi o termo cunhado por Bento XVI na Summorum pontificum para designar o rito anterior à reforma do Vaticano II. Em seu documento, o papa emérito considerava a missa promulgada por Paulo VI no final da década de 1960 como a forma ordinária do rito latino e a antiga, como forma extraordinária do mesmo rito.
Shaw aponta um problema prático nas novas regras ditadas pelo papa Francisco: “A determinação de que a forma extraordinária não seja celebrada em igrejas paroquiais parece ser irrealizável e vai certamente impedir a implementação desse documento.”
Kurt Martens, professor de Direito Canônico na Universidade da América, nos EUA, observou que o termo “forma extraordinária” não é usado na nova legislação e que o novo motu proprio “estabelece que os livros litúrgicos promulgados em conformidade com os decretos do Concílio Vaticano II são a única expressão da lex orandi do rito romano.”
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Atento às determinações do papa de que não se constituam novos grupo nem novas paróquias pessoais para a celebração da missa antiga, o colunista do New York Times Ross Douthat comentou: “Acompanhamento para alguns, lento estrangulamento de seus ritos para outros”.
Escrevendo no site do New Liturgical Movement (Novo Movimento Litúrgico, organização americana de defesa da missa tradicional) seu editor, Gregory DiPippo disse: “Devemos redobrar nossas orações pelo papa Francisco, cujo papado inteiro, todo sorriso, todo abraço em uma pessoa com deficiência, toda exortação à misericórdia, ficará manchado para o resto da história por esse ato de crueldade pastoral sem precedentes e absolutamente gratuito que é a tentativa de revogação da Summorum Pontificum.”
Confira também:
Papa restringe celebração da missa na forma anterior ao Vaticano II https://t.co/AmrvLAvDUM
— ACI Digital (@acidigital) July 16, 2021