O cardeal Albert Vanhoye, jesuíta e especialista em Sagrada Escritura, morreu aos 98 anos na quinta-feira, 29 de julho. O papa Francisco, em mensagem de pêsames elogiou seu “desejo apaixonado de comunicar o Evangelho”. Vanhoye era autor de livros sobre Sagradas Escrituras, e reitor-emérito do Pontifício Instituto Bíblico em Roma. Aos 98 anos, o francês era o cardeal mais velho do mundo.

Na mensagem enviada ao padre Manuel Morujão, superior da Casa São Pedro Canísio em Roma, onde Vanhoye vivia desde 2013, o papa disse: "Ao tomar conhecimento da notícia do falecimento do querido cardeal Albert Vanhoye, desejo expressar minha proximidade a você, à comunidade de São Pedro Canísio, a toda a Companhia de Jesus, assim como aos familiares do falecido cardeal e a todos aqueles que o conheceram e estimaram, lembrando com carinho e admiração este irmão que serviu ao Senhor e à Igreja com grande dedicação".

"Penso com gratidão por seu intenso trabalho como zeloso religioso, filho espiritual de Santo Inácio, mestre perito, erudita autoridade bíblica, estimado reitor do Pontifício Instituto Bíblico, diligente e sábio colaborador de alguns dicastérios da Cúria Romana", escreveu o papa.

Albert Vanhoye nasceu em 24 de julho de 1923, em Hazebrouck, no norte da França. Em 1941, aos 18 anos, em plena Segunda Guerra Mundial, ele andou quase mil quilômetros a pé para ingressar no noviciado jesuíta em Le Vignau, sudoeste da França, então ocupada pelos nazistas. Vanhoye deixou sua cidade clandestinamente para não ser mandado aos campos de trabalho forçado da Alemanha nazista.

Após graduar-se em Estudos Clássicos e estudar filosofia e teologia com os jesuítas em Enghien, na Bélgica, foi ordenado padre em 26 de julho de 1954. Em 1956 foi enviado ao Pontifício Instituto Bíblico em Roma, onde completou um doutorado sobre a Epístola aos Hebreus. Fez seus votos perpétuos como jesuíta em 2 de fevereiro de 1959.

Em 1962, foi nomeado professor no instituto, também conhecido como Biblicum, do qual foi reitor de 1984 a 1990.

Vanhoye foi membro da comissão que preparou a constituição apostólica Sapientia christiana sobre as universidades e faculdades eclesiásticas, publicada por são João Paulo II em 1979.

Como secretário da Pontifícia Comissão Bíblica, ele ajudou a moldar o documento de 1993 "A Interpretação da Bíblia na Igreja" e o texto de 2001 "O povo judeu e suas Sagradas Escrituras na Bíblia Cristã".

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Vanhoye foi consultor do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, da Congregação para a Educação Católica e da Congregação para a Doutrina da Fé.

A província jesuíta de língua francesa da Europa Ocidental disse que o Cardeal Joseph Ratzinger, futuro Bento XVI, que foi prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, ligava para Vanhoye "sempre que um texto pontifício que mencionava a Escritura ou um livro comentando a Escritura colocava um problema". "Ratzinger apreciou este trabalhador incansável, humilde que desejava apenas o bem da Igreja", disse o comunicado dos jesuítas franceses.

Em 22 de fevereiro de 2006, Bento XVI criou Vanhoye cardeal. Ele descreveu o jesuíta como "grande exegeta" e disse que o estava criando cardeal "devido à estima pelos serviços prestados à Igreja com fidelidade exemplar e dedicação admirável".

O funeral de Vanhoye será nas capelas papais da Basílica de São Pedro no sábado, 31 de julho. A missa de exéquias será celebrada pelo cardeal Leonardo Sandri, vice-decano do colégio cardinalício.

O cardeal alemão Jozef Tomko, de 94 anos, passa a ser o membro mais velho do colégio de cardeais.

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