BONN, 30 de jul de 2021 às 11:29
O caminho sinodal alemão é “uma enganação”, na opinião do canonista Norbert Lüdecke, porque transmite a impressão de que as decisões conjuntas de leigos e clérigos serão vinculantes, mas caberá exclusivamente a cada bispo aplicá-las ou não a sua diocese. Em entrevista à agência KNA da conferência episcopal alemã nesta quarta-feira, 28 de julho, Lüdecke disse que, segundo o Direito Canônico, os resultados das votações do caminho sinodal serão só “expressão de uma opinião”.
O caminho sinodal alemão é um processo de dois anos que reúne leigos e bispos para discutir reformas na forma de dirigir a igreja no país depois de uma série de abusos sexuais de menores por parte do clero. Propostas como o fim do celibato dos padres, a comunhão para protestantes e a ordenação de mulheres tem sido apresentadas.
Os líderes, tanto leigos quanto clérigos, pretendem que as decisões da assembleia sejam obrigatoriamente aplicadas em todas as dioceses da Alemanha. Em fevereiro deste ano o papa Francisco escreveu uma carta aos bispos alemães dizendo que “a transformação não pode excluir ninguém" em referindo-se à tentativa de imposição das decisões do Caminho Sinodal aos bispos que não concordem.
Lüdecke se referiu aos estatutos daquilo que os líderes do Caminho Sinodal chamam de "processo de reforma". Segundo o perito, decisões sobre pastoral só têm efeito jurídico quando são implementadas “pelos bispos diocesanos individualmente" e não pelo “consenso de assembleias”. Segundo ele, o "Caminho sinodal" é, em última análise, apenas um meio para os bispos para "evadirem a alta pressão da crítica por meio de arranjos nos quais os leigos se sintam de alguma forma envolvidos, mas isto não lhes dá poder de decidir".
“Os leigos até podem votar”, diz o professor, mas “o resultado das assembleias serão sempre uma expressão de opinião não vinculativa, uma espécie de “placebo de direito ao voto”. É uma enganação”, declarou o canonista.
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“Uma "tomada de poder por parte de leigos" não é possível desde o início da Igreja Católica”, concluiu o Professor Lüdecke.
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— ACI Digital (@acidigital) January 20, 2020