O Hospital Pediátrico Bambino Gesù de Roma, conhecido como o “hospital do papa”, publicou nesta quinta-feira, 29 de julho, um avanço no desenvolvimento de tratamentos contra os tumores cerebrais em crianças. Segundo comunicado divulgado pelo hospital, foi descoberto “o mecanismo que desencadeia a forma mais agressiva desta doença e identificados dois fármacos potenciais, capazes de bloquear o crescimento do câncer e a metástase”.

A pesquisa, realizada por cientistas do Bambino Gesù, da Universidade de Tor Vergata, da Universidade da Sapienza e da Universidade de Trento, foi financiada pela Associação Italiana de Pesquisa sobre o Câncer. Os resultados foram publicados na revista científica internacional “Acta Neuropathologica” e oferecem novas esperanças para a cura do “meduloblastoma”, o tumor cerebral maligno mais comum em crianças.

“O meduloblastoma”, afirma o comunicado, “é um tumor maligno com uma incidência na Itália de cerca de sete crianças a cada 1 milhão. A taxa de sobrevivência global é, atualmente, de 80% para pacientes com risco ´standard´”. Infelizmente, a taxa de sobrevivência cai para 30 ou 60% para os pacientes de alto risco.

Esse tipo de tumor “se forma no cerebelo, a área do sistema nervoso situada na base do cérebro, responsável pelo controle do equilíbrio e da coordenação dos movimentos”.

“O tratamento contra o meduloblastoma prevê a remoção cirúrgica do tumor, seguida de radioterapia e quimioterapia. No entanto, o principal obstáculo para a sua cura é a presença de células estaminais cancerosas que são resistentes ao rádio e à quimioterapia e que têm a capacidade de se infiltrar e difundir-se na medula espinal das crianças”.

Por isso, “um novo caminho terapêutico para este tipo de tumores pediátricos, em particular os do ´Grupo 3´, a forma que oferece maior risco de morte (que se verifica em mais de 40% dos casos dentro dos cinco anos desde o diagnóstico), se abre com os resultados da pesquisa dirigida pelo laboratório da área de Oncohematologia do Bambino Gesù”.

A equipe de pesquisadores “identificou um novo mecanismo molecular cuja alteração é responsável pela agressividade do meduloblastoma”.

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Em particular, “descobriu-se que, nos tumores do Grupo 3, a proteína AMBRA1 ocorre em níveis excessivos e, consequentemente, todos os processos regulados por ela (autofagia e identidade do tronco) funcionam de maneira anômala”.

“Devido à superabundância da AMBRA 1, o mecanismo utilizado pelas células para se libertar dos componentes danificados (autofagia) é potencializado, e as células tumorais aproveitam esta situação para sobreviverem e proliferarem-se”.

Além disso, o “o excesso de AMBRA 1 mantém as células em uma condição de células-tronco que, por um lado, as ajuda a se replicarem mais rapidamente, acumulando-se nos tecidos de origem até formar grandes massas tumorais; por outro lado, as ajuda em sua capacidade de migrar e formar metástases”.

“A partir desses resultados de laboratório, os investigadores demonstraram que a combinação de duas drogas (um inibidor da autofagia e um inibidor do fator STAT3 potenciador celular) permite bloquear não só o crescimento do tumor, mas também sua capacidade de produzir metástases”, concluiu o comunicado do Bamnino Gesù.

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