ROMA, 25 de out de 2005 às 13:25
O político italiano Roco Buttiglione lançou o site http://www.pensarecristiano.org como "um instrumento de diálogo que possa representar um autêntico ‘cenáculo virtual’ para quem –católicos ou não– considera que a liberdade" deve ser defendida e promovida "à luz das evidências e exigências que se originam no coração humano".A iniciativa nasceu das experiências vividas por Buttiglione há um ano, quando era pressionado para que aceitasse ser delegado do governo da União Européia renunciando a suas convicções éticas.
Na carta que dirige a todo aquele que ingresse no novo site, Buttiglione afirma que "no momento de minha desventura, quando apresentei a renúncia na Comissão Européia para não ter que assinar afirmações contrárias a minha consciência e ao catecismo de minha Igreja, acreditei que tinha ficado sozinho no mundo e que, de algum jeito, era o último cristão (ou o último liberal) frente à crescente maré do novo relativismo ético, intolerante e totalitário. (Pode o relativismo ser intolerante? Claro que pode sê-lo se perseguir a quem acredita em uma verdade.)".
Também recorda que "milhares de pessoas de toda a Europa me buscaram para me dizer que estavam comigo e que meu caso alentava a um compromisso mais intenso com a fé e a liberdade. Então me propus a fazer algo para não permitir que se dispersasse esse movimento que se criou em torno de mim mas que, claramente, ia muito além de minha pessoa. Em muitos encontros disse: nos mantenhamos em contato. Este portal é o instrumento para permanecer em contato".
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Em outra seção, dedicada ao manifesto de Pensar Cristão, pode-se ler que "hoje ninguém ensina a escutar ao coração e, em conseqüência, ninguém ensina a pensar. Pensar é, acima de tudo, um exercício de lealdade para com a gente mesmo (e para com outros)".
Do mesmo modo, Buttiglione afirma que "hoje a cultura dominante ataca não só e nem tanto ao Cristianismo mas à razão, ao direito a pensar e reconhecer as evidências e as exigências que constituem o coração".
Para o político italiano, "este ataque se produz na esfera da cultura, e nós trataremos de responder neste terreno abrindo um espaço de confronto, discussão e diálogo a respeito das grandes questões culturais que fazem o debate de nosso tempo".
Em relação à política, afirma que também será um tema de interesse porque neste âmbito não há que ter medo de defender os valores.
"A idéia de que a democracia possa defender-se a partir do relativismo ético é extravagante. Sem o respeito de valores fortes, em primeiro lugar da dignidade da pessoa humana, a democracia está destinada a debilitar-se na corrupção e a legitimar formas mais ou menos encobertas de opressão", enfatiza.
Finalmente, o manifesto denuncia um "novo totalitarismo avassalador" segundo o qual "todos aqueles que têm fortes convicções morais, todos aqueles que pensam do coração, são maus cidadãos e não têm direito a participar do debate público".