No marco da Solenidade da Assunção, recordamos o que o papa São João Paulo II explicou há pouco mais de 24 anos sobre a “dormição” da Virgem Maria.

Em sua catequese de 25 de junho de 1997, o papa que consagrou seu pontificado à Mãe de Deus com seu lema “Totus tuus” (Todo teu) recordou que, quando Pio XII proclamou o dogma da Assunção da Virgem Maria em 1º de novembro de 1950, “não quis negar o fato da morte, mas apenas não julgou oportuno afirmar solenemente a morte da Mãe de Deus, como verdade que devia ser admitida por todos os crentes”.

“Refletindo sobre o destino de Maria e sobre a sua relação com o Filho divino, parece legítimo responder afirmativamente: dado que Cristo morreu, seria difícil afirmar o contrário no que concerne à Mãe”, disse o santo que considerava o Terço como sua oração favorita.

Em seguida, São João Paulo II citou dois santos que se referiram a este tema: São Modesto de Jerusalém, falecido no ano 634, e São João Damasceno, que morreu no ano 704.

Este último escreveu sobre a Virgem Maria, que “aquela que no parto ultrapassou todos os limites da natureza”, ao ser assunta ao céu, despojou-se “da parte mortal” para “se revestir de imortalidade, porque nem o Senhor da natureza rejeitou a experiência da morte”.

“É verdade que na Revelação a morte se apresenta como castigo do pecado. Todavia, o fato de a Igreja proclamar Maria liberta do pecado original por singular privilégio divino não induz a concluir que Ela recebeu também a imortalidade corporal. A Mãe não é superior ao Filho, que assumiu a morte, dando-lhe novo significado e transformando-a em instrumento de salvação”, sublinhou o papa Wojtyla.

“Para ser partícipe da ressurreição de Cristo, Maria devia compartilhar antes de mais a Sua morte”, destacou.

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São João Paulo II também afirmou que, embora o “Novo Testamento não oferece qualquer notícia sobre as circunstâncias da morte de Maria”, este silêncio “induz a supor que esta se tenha verificado normalmente, sem qualquer pormenor digno de menção. Se assim não tivesse sido, como poderia a notícia permanecer escondida aos contemporâneos e, de alguma forma, não chegar até nós?”.

O Papa peregrino citou, em seguida, São Francisco de Sales, o qual considerou que “a morte de Maria se tenha verificado como efeito de um transporte de amor. Ele fala de um morrer ‘no amor, por causa do amor e por amor’, chegando por isso a afirmar que a Mãe de Deus morreu de amor pelo seu filho Jesus”.

Em todo caso, “qualquer que tenha sido o fato orgânico e biológico que, sob o aspecto físico, causou a cessação da vida do corpo, pode-se dizer que a passagem desta vida à outra constituiu para Maria uma maturação da graça na glória, de tal forma que jamais como nesse caso a morte pôde ser concebida como uma ‘dormida’”.

“A experiência da morte enriqueceu a pessoa da Virgem: passando pela comum sorte dos homens, ela pode exercer com mais eficácia a sua maternidade espiritual em relação àqueles que chegam à hora suprema da vida”, concluiu.

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