Cerca de 60 fiéis católicos se reuniram em frente à casa do arcebispo de Lima, Peru, dom Carlos Gustavo Castillo Mattasoglio, para rezar por ele, depois da sua polêmica proposta para que “famílias, ou casais, ou grupos de esposos ou de leigos adultos mais velhos assumam paróquias”.

Desde as cinco da tarde da quarta-feira, dia 20 de agosto, os fiéis se reuniram para rezar o terço na frente da casa do arcebispo, no distrito de San Isidro, em Lima. Elas levaram terços, faixas com fotos de santos, um microfone e um alto-falante. Também rezaram o terço da Sagrada Face e a oração a são Miguel Arcanjo.

Crédito: Diego López Marina (ACI Prensa)

Fernando Kahn, um dos encarregados da convocação, disse à ACI Prensa que “os católicos da arquidiocese de Lima estão atônitos” pelos comentários de dom Carlos Castillo durante a videoconferência “A crise do bicentenário: irritação, ódio, medo. Uma mensagem de esperança”, realizada em 21 de julho de 2021 e publicada na página oficial do arcebispado de Lima no Facebook.

Na ocasião, dom Carlos disse que tinha estado no Vaticano e que estava pedindo permissão “para várias coisas que não são permitidas”, entre elas, para que “famílias, ou casais, ou grupos de esposos ou de leigos adultos mais velhos assumam paróquias”. “É melhor mandar os padres estudar um pouco, não é?” acrescentou o arcebispo. “Depois, há um padre que celebra a missa uma vez por semana ou duas vezes no domingo, o que for. Mas é preciso pensar em formas mais igualitárias, mais próximas”.

Kahn afirmou que “reduzir a presença dos párocos nas igrejas” significa “ficar sem muitos sacramentos, a Eucaristia, a confissão, que são necessários para chegar à vida eterna”.

Crédito: Diego López Marina (ACI Prensa)

Por isso, disse que as declarações de dom Carlos “nos deram um certo impulso” e “começamos a nos mobilizar e nos agrupar para expressar a nossa aflição”.

“Pedimos que o arcebispo siga a santa doutrina da Igreja Católica. Pedimos que a fé nunca se perca. Os bispos são os líderes da nossa Igreja, do nosso sentir católico e tradicional. Creio que se o próprio arcebispo não protege a Igreja Católica peruana, então quem mais irá defendê-la? Deixo esta mensagem com devoção, fidelidade e gratidão por tê-lo como líder”, continuou.

 

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O advogado católico Alberto González disse que estavam “muito aflitos” pelas palavras de dom Carlos Castillo, “por tentar fazer uma espécie de experiência de ordem social e eclesiástica”.

“Os sacerdotes são os que mantêm as paróquias vivas, porque todos os católicos sabem que eles administram os sacramentos. Não é possível a existência de uma paróquia sem sacramentos. Nós, católicos, vivemos da confissão, da Eucaristia. Quando não tivermos os sacramentos, as paróquias irão morrendo pouco a pouco”, disse. “Pedimos respeitosamente a nosso arcebispo que se desfaça dessa ideia e que, pelo contrário, reforce mais as paróquias, com mais sacerdotes. É isso que queremos”.

Carlos White, outro fiel que se encontrava no lugar, lamentou que dom Carlos “sempre colocou dificuldades para receber os sacramentos”. Em setembro de 2020, em plena pandemia de coronavírus, dom Carlos estabeleceu que os sacerdotes não deviam entrar nas casas dos doentes para dar a comunhão, e que tinham que entregar a hóstia consagrada “na porta da casa, a um membro idôneo da família”.

Crédito: Diego López Marina (ACI Prensa)

Sobre a proposta do arcebispo Carlos Castillo, o padre argentino Rubén Schmidt, doutor em Direito Canônico pela Universidade Gregoriana de Roma, disse “sem a presença sacerdotal, a existência da paróquia careceria do seu fundamento, que é a presença eucarística”. Ao tirar o sacerdote do posto de pároco, disse o padre Schmidt, “se perderia o caráter teológico da paróquia”.

“Além disso, se esta opção supõe a não presença sacerdotal, os fiéis estariam privados de receber a maioria dos sacramentos. Pensemos sobretudo na Eucaristia, na Confissão e na Extrema Unção, que são exclusivas do sacerdote”, afirmou.

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Crédito: Diego López Marina (ACI Prensa)

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