SEÚL, 3 de set de 2021 às 14:00
A diocese de Jeonju, na Coreia do Sul, anunciou que as relíquias de três dos mais antigos mártires católicos da Coreia foram identificadas por exames de DNA. As relíquias dos beatos Paulo Yun Ji-Chung, Jaime Kwon Sang-yeon, e Francisco Yun Ji-Heon, três dos primeiros católicos torturados e executados durante a dinastia Choson, que esteve 500 anos no poder, foram aprovadas pela Igreja após uma investigação arqueológica e uma análise de DNA que duraram meses.
Os restos mortais foram encontrados nos arredores de Jeojun, na Coreia do Sul, durante as reformas de uma área católica no condado de Wanju, segundo o bispo John Kim Son-tae. “Esta descoberta é verdadeiramente um evento notável e monumental. Isso porque nossa Igreja, que cresceu com base no sangue dos mártires, finalmente encontrou os restos daqueles que ocupam o primeiro lugar na nossa história de martírio”, disse o bispo.
Os beatos Paulo Yun Ji-Chung e Jaime Kwon Sang-yeon, católicos de origem nobre, foram decapitados em 1791 por violar os rituais confucianos.
O cristianismo coreano remonta ao século XVIII, quando os estudiosos coreanos ouviram falar da fé na China. Então viajaram até a China para conhecer o cristianismo com missionários católicos. Posteriormente, regressaram a seu país de origem para ensinar a fé, convertendo milhares de pessoas.
Paulo Yun Ji-Chung foi um erudito de família nobre, batizado em 1787, quando tinha cerca de 28 anos e depois de ter estudado a fé católica por três anos. Evangelizou e converteu muitos dos membros de sua família, inclusive sua mãe, que em seu leito de morte pediu um funeral católico, em lugar do tradicional ritual confuciano. Isso enfureceu a corte real, que ordenou a prisão de Paulo Yun Ji-chin e de Jaime Kwon Sang-yeon em 1791. Jaime Kwon Sang-yeon pertencia a uma família reconhecida de estudiosos coreanos. Depois de ouvir o Evangelho, abandonou todos os outros estudos para se concentrar no ensinamento católico. Tornou-se católico quando tinha aproximadamente 36 anos. A Jaime Kwon atribui-se a frase: “Prefiro escolher o castigo da morte a violar os ensinamentos da Igreja”.
Presos, Jaime Kwon e Paulo Yun se recusaram a renunciar à fé ou revelar nomes de outros católicos. Foram decapitados em 8 de dezembro de 1791. Paulo Yun tinha 32 anos e James Kwon tinha 40. O governador, em seu relatório à corte real, escreveu que eles disseram antes de morrer: “é uma grande honra morrer por Deus na lâmina de uma faca”.
As famílias receberam permissão do governador para recolher seus corpos e empaparam seus lenços no sangue das feridas dos mártires. Há relatos de curas nesse momento por parte dos doentes que tocaram os lenços.
Francisco Yun Ji-Heon era o irmão mais novo de Paul Yun Ji-Chung, que o catequizou.
Depois do martírio do seu irmão, Francisco Yun foi forçado a abandonar sua cidade natal, mas continuou traduzindo livros religiosos e levou muitas pessoas a descobrir a fé católica.
Foi detido em 1801, aos 37 anos de idade, sendo submetido a torturas e interrogatórios no gabinete do governador de Jeonju. “Não posso abandonar o ensinamento da Igreja que tanto amei a ponto de ele ter penetrado profundamente em meus ossos e ter se tornado parte do meu próprio corpo. Não tenho escolha a não ser dizer que morrerei por isso 10 mil vezes ... Não temo a lei nacional porque acredito firmemente na doutrina do céu e do inferno”, afirmou.
Francisco Yun foi martirizado em Jeonju, sendo despedaçado em 24 de outubro de 1801. Sua mulher e seus filhos foram exilados.
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O bispo de Jeonju, dom John Kim Son-tae afirmou que o processo canônico de estudos dos restos mortais dos mártires terminou no dia 18 de agosto e que as relíquias dos três beatos são autênticas. “É a vontade de Deus permitir-nos ver os restos dos primeiros mártires para que possamos imitar a espiritualidade dos mártires. O mundo em que vivemos está se afundando na escuridão... Por muito tempo nossa sociedade priorizou o dinheiro e a saúde por cima de Deus e o individualismo em vez da solidariedade”, disse dom Kim.
O bispo também disse que espera que a reflexão sobre a “espiritualidade do martírio possa renovar-nos e renovar nosso tempo”.
Os católicos na Coreia celebram o testemunho dos mártires católicos do seu país durante todo o mês de setembro, culminando com a festividade do dia 20 de setembro.
Este ano, a Igreja também celebra o 200º aniversário do nascimento do primeiro sacerdote da Coreia, santo André Kim Taegon.
Estima-se que entre 8 mil e 10 mil cristãos coreanos morreram no século XIX por se recusarem a negar Cristo.
O papa Francisco beatificou Paulo Yun Ji-Chung, Jaime Kwon Sang-yeon e Francisco Yun Ji-Heon junto com outros 121 mártires coreanos em agosto de 2014.
“A vitória dos mártires, seu testemunho do poder do amor de Deus, continua dando frutos hoje na Coreia, na Igreja que cresceu com seu sacrifício”, disse o papa.
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