“A Igreja Católica ensina, e ensinou, que a vida _a vida humana_ começa na concepção”, disse o arcebispo de Washington, cardeal Wilton Gregory, durante um almoço no Clube Nacional de Imprensa em Washington, EUA, na quarta-feira 8 de setembro. “Assim, o presidente não está demonstrando o ensinamento católico”. O cardeal respondia a um comentário feito na semana passada pelo presidente dos EUA, Joe Biden, o segundo católico a ocupar esse posto, de que não concorda que a vida começa na concepção.

“Eu fui e continuo a ser um apoiador firme de Row x Wade”, disse Biden sobre a decisão da Suprema Corte americana que liberou o aborto no país em 1973. “Eu os respeito _aqueles que acreditam que a vida começa no momento da concepção e tudo_ eu respeito isso. Não concordo, mas respeito”.

É uma mudança de posição de Biden, Numa entrevista em 2008, quando era candidato a vice-presidente de Barack Obama, e em 2012, em um debate de candidatos a vice, Biden disse acreditar que a vida começa na concepção.

O arcebispo Gregory respondia a perguntas no almoço da imprensa e lhe perguntaram se a Igreja havia suavizado sua posição sobre o aborto. “Nossa Igreja não mudou sua posição sobre a imoralidade do aborto, e não vejo como poderíamos, porque acreditamos que toda vida humana é sagrada”, respondeu dom Gregory.

Perguntou-se, então, ao arcebispo sobre pena de morte.

“Há casos demais em que pessoas foram sentenciadas e, desafortunadamente, eu acho, mortas. E depois, com o desenvolvimento da pesquisa científica, ficou provado _ou ao menos levantou-se dúvida séria_ de que o julgamento em si talvez tenha sido falho”, disse Gregory.

Em seguida ele explicou a “ética coerente da vida” de seu mentor, o ex-arcebispo de Chicago, cardeal Joseph Benardin, de quem Gregory foi bispo-auxiliar de 1983 a 1994. “As questões de vida estão ligadas”, disse ele. “Elas não estão todas no mesmo nível. Há questões de vida que são predominantes”.

“A concepção de uma criança é a primeira preocupação sobre a vida”, disse o arcebispo, acrescentando que “essas questões se estendem a todos os outros momentos da existência humana igualmente”, como o dos presidiários, imigrantes, velhos, e pessoas com deficiência. Bernardin “dizia que um prisioneiro culpado de comportamento criminoso reiterado deve ser igualado a uma criança no ventre que está apenas tentando viver ou nascer, literalmente? Ah, não, ele não dizia isso. Ele dizia que estão ligados, não porque são a mesma coisa, mas estão ligados porque são todos humanos.”

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Como arcebispo de Washington, capital dos EUA, Gregory esteve no centro da discussão sobre se políticos católicos pró-aborto, como o presidente Biden e a presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, deveriam receber a comunhão. Ele disse a um repórter no ano passado que não negaria a comunhão.

Em janeiro deste ano, o presidente da conferência episcopal americana publicou uma longa declaração no dia da posse de Joe Biden observando que, embora o presidente tivesse políticas positivas, algumas de suas propostas iriam “promover males morais.” Gregory considerou a declaração inoportuna, segundo o jornalista Al Roker, da rede de TV NBC, segundo quem Gregory enfatizava o diálogo com o novo governo.

Durante a reunião dos bispos americanos em junho, Gregory foi contra escrever um documento sobre Eucaristia que incluiria trecho sobre a dignidade necessária para receber a comunhão, especialmente por parte de figuras públicas católicas. Alguns bispos críticos a essa iniciativa disseram que ela seria interpretada como uma denúncia partidária de políticos católicos pró-aborto, especialmente do presidente Biden.

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