REDAÇÃO CENTRAL, 9 de set de 2021 às 13:40
Episódios pouco conhecidos da biografia do mentor de são João Paulo II, cardeal Stefan Wyszyński, que contam como ele defendeu os judeus durante a Segunda Guerra Mundial foram revelados às vésperas de sua beatificação. No dia 12 de setembro, a Igreja celebrará a beatificação do cardeal Wyszyński e da fundadora da Congregação das Franciscanas Servas da Cruz, madre Elżbieta Czacka.
Em um comunicado, a Conferência Episcopal da Polônia (CEP) lembrou que, em 2016, o jornal polonês Rzeczpospolita contou como Wyszyński, quando ainda não era cardeal, ajudou uma família judaica durante a guerra.
O jornal publicou o relato de Jadwiga Karwowska, cujos pais trabalhavam em uma fazenda em Żułów, na Polônia, perto de uma instituição para o cuidado dos cegos dirigida por irmãs franciscanas, onde Wyszyński se escondia da Gestapo.
Karwowska lembrou como o sacerdote, de 30 anos de idade na época, participou no resgate de três membros de uma família judaica. “Era um pai com dois filhos, Gołda e Szmulek. Sua mãe morreu antes. Nos tornamos amigos porque as crianças eram da minha idade”, relatou ela.
A superiora da instituição para o cuidado dos cegos, irmã Joanna Lossow, lamentou que os três tenham denunciados por um nacionalista ucraniano e mortos.
Karwowska disse que o padre Wyszyński “dirigia a ajuda” aos judeus na fazenda e se considerou a si mesma como “aluna” do sacerdote.
Segundo a CEP, esse não é o único relato que confirma a relação entre o futuro “primaz do milênio” com a ajuda aos judeus durante o holocausto: “O Instituto Yad Vashem de Jerusalém conta o testemunho de Esther Grinberg. Era uma mulher de Międzyrzec Podlaski, único membro da sua família que sobreviveu”.
Grinberg disse que, em duas ocasiões, o padre Wyszyński “ordenou aos fiéis que ajudassem aos que escapassem do ´fogo da guerra`”, e embora por segurança não tenha especificado os nomes, se “sabia naquele momento que se referia aos judeus que tentavam escapar do gueto para o chamado lado ´ariano`”.
Em 1968, o cardeal Wyszyński protagonizou um testemunho de ajuda aos judeus, quando as autoridades comunistas “reprimiram os protestos estudantis em muitas cidades polonesas”.
“Apenas alguns meses antes, os comunistas tinham começado uma campanha antissemita que entrou, durante os protestos de março de 1968, em uma fase decisiva”, diz o comunicado da CEP.
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Em suas anotações pessoais de 18 de março daquele ano, o cardeal escreveu que, “na realidade, tudo deve ser atribuído aos jogos internos do governo da República Popular Polonesa. As autoridades políticas atuais querem limitar-se a reprimir o ´sionismo` e os ´beligerantes`. Querem enganar a juventude acadêmica, os trabalhadores e a Igreja”.
A CEP afirmou que, alguns dias antes, o cardeal havia defendido “os estudantes espancados, fazendo um apelo à paz” e que, no dia 10 de março, “pronunciou um sermão ´Sobre a via-sacra do capital`, referindo-se à situação nas ruas de Varsóvia”.
Oito dias depois, o cardeal Wyszyński afirmou que “é preciso acreditar no povo. A verdade e a coragem dos cidadãos são importantes para os governantes. Quando essas virtudes estão ausentes, o governo encontra-se rodeado de erros”.
Wyszyński manifestou sua rejeição à campanha antissemita. Na homilia de 11 de abril de 1968, ele falou do dever de amar a todos, sem levar em conta o discurso, a língua ou a raça.
A CEP disse que, durante a Guerra dos Seis Dias de 1967, o cardeal, “ao contrário das autoridades da República Popular Polonesa, que apoiavam o lado árabe, apoiou Israel”.
Durante o Concílio Vaticano II, o cardeal deplorou “os ódios, perseguições e manifestações de antissemitismo de qualquer tempo e pessoa contra os judeus”.
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— ACI Digital (@acidigital) September 9, 2021