ROMA, 28 de out de 2005 às 14:03
Um dia depois de que o Secretário de estado Vaticano, Cardeal Angelo Sodano, expressou a séria disposição da Santa Sé de restabelecer relações com Pequim, o porta-voz do Ministério do Exterior da China, Kong Quan, afirmou que seu Governo tem o "sincero desejo" de melhorar os laços com o Vaticano com a condição de que este rompa os seus com o Taiwan e não "interfira" em assuntos internos."A China tem desejos sinceros de melhorar suas relações com o Vaticano", afirmou nesta quinta-feira o porta-voz chinês em resposta às declarações do Cardeal que na terça-feira passada, conforme a imprensa indicou, afirmou que "se o Vaticano tiver contatos com Pequim, o encarregado de assuntos de Taiwan iria à China, e não no dia seguinte, mas na mesma noite".
O Secretário de estado assinalou durante um ato na Universidade Pontifícia Gregoriana que o Vaticano "não pode ser tratado pior do que outros Estados", e pediu a Pequim que, se a ruptura com o Taipé se confirmasse, o representante diplomático da Santa Sé seja autorizado a ir imediatamente a território chinês.
Kong, que pediu que à Santa Sé "traduza suas palavras em fatos reais", reiterou que Pequim "repetiu em muitas ocasiões" as duas condições que exige para restabelecer as relações interrompidas em 1951, quer dizer, a ruptura de relações diplomáticas com Taipé e o compromisso vaticano de, segundo as autoridades chinesas, não "se intrometer nos assuntos internos da China, como a nomeação de bispos no país.
Mais adiante, o porta-voz afirmou que o Governo chinês "apóia a liberdade religiosa, como prova o fato de que no país há numerosos crentes de diversas religiões".
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Liberdade religiosa?
Entretanto, o suposto apoio à liberdade religiosa por parte do Governo comunista da China foi questionado por diversos setores que recordam a persistente história de perseguição e perseguição a sacerdotes e paroquianos católicos fiéis ao Papa.
Recentemente, quatro bispos chineses, três da Associação Patriótica Católica –controlada pelo Governo– e um da Igreja "clandestina" –fiel à a Santa Sé–, foram impedidos de assistir ao último Sínodo de Bispos celebrado no Vaticano durante o mês de outubro com a desculpa da avançada idade e o mal estado de saúde dos prelados.
Por sua vez, a Santa Sé, acentuou nos últimos meses sua intenção de aproximação com Pequim ao ter confirmado bispos de diocese chinesas nomeados diretamente pelo Governo.
Estima-se que na China pode haver uns cinco milhões de católicos "patrióticos" e outros 12 milhões de "clandestinos". O Vaticano é o único país na Europa que mantém vínculos diplomáticos com Taiwan, reconhecido como país por apenas 25 países no mundo.