Vaticano, 17 de set de 2021 às 19:00
Com a reforma dos quartéis da Guarda Suíça Pontifícia, no Vaticano, falou-se na imprensa que o novo desenho arquitetônico poderia considerar um espaço para mulheres e mudar suas exigências pela primeira vez em 515 anos de história.
O presidente da fundação beneficente que financia o novo edifício da Guarda Suíça, Jean-Pierre Roth, disse ao jornal Tages-Anzeiger que, “desde o início, era importante para nós que o novo edifício proporcionasse um espaço para as mulheres”. À CNA, agência em inglês do grupo ACI, Roth disse que as reações “da imprensa suíça às minhas declarações foram excessivas”.
O projeto de construção, avaliado em aproximadamente US$ 60 milhões (mais de R$ 300 milhões), inclui ampliação das moradias dos guardas. Atualmente, alguns deles dormem em quartos compartilhados ou em casas fora do Vaticano. O novo quartel permitirá que cada guarda tenha um quarto com banheiro privativo.
O jornal britânico The Telegraph citou o tenente Urs Breitenmoser, porta-voz da Guarda Suíça, que ressaltou que os quartos individuais significam que, “no futuro, se a decisão for tomada, também poderemos acolher mulheres”.
Roth explicou à CNA que a ideia do novo edifício é criar “quartéis que satisfaçam as necessidades da Guarda Suíça nas próximas décadas. Quem sabe se as mulheres serão integradas à Guarda no futuro?”.
“A decisão cabe ao Santo Padre. Nossa Fundação não tem informações sobre uma possível mudança”, afirmou Roth.
Os candidatos à Guarda Suíça devem ser homens católicos de nacionalidade suíça, com idades entre 19 e 30 anos e com, pelo menos, 1,74 m de altura. Os guardas em atividade podem se casar e alguns deles moram em casas familiares.
“O objetivo principal do projeto é oferecer mais apartamentos para guardas casados. O quartel terá 25 apartamentos para famílias”, disse Roth.
A reforma, que está em fase de planejamento desde 2016, ainda não tem data para começar, embora alguns relatórios tenham citado o 2023 como uma possível data. A expectativa é que os trabalhos durem vários anos.
Roth disse que o projeto está sendo discutido pelo Comitê Imobiliário do Vaticano e, em seguida, deverá ser aprovado pela UNESCO.
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Ele ressaltou que muitos países têm soldados e policiais mulheres e que esse também “poderia ser o caso da Guarda Suíça”.
“Como planejadores cuidadosos, tivemos que considerar esse desenvolvimento como uma possível opção”, disse ele. “Portanto, previmos quartos individuais para todos os guardas não casados e uma estrutura interna flexível no edifício que permite a criação de um setor para mulheres. Foi apenas bom senso e planejamento cuidadoso”, acrescentou.
Segundo a fundação, desde a sua construção no início do século XIX os quartéis da guarda sofreram apenas pequenas mudanças, gerando altos custos de manutenção e a necessidade de grandes reparos e reformas.
Os novos quartéis também são necessários para se adaptar ao crescimento, já que, há vários anos, a Guarda Suíça foi ampliada de 110 para 135 soldados.
Roth disse à CNA que a opção por construir quartos individuais, em parte, foi motivada pelo fato de que os guardas “estão em contato com o público ou sob os olhos do público” durante todo o dia e “também precisam de privacidade”.
Ele disse que é muito cedo para falar sobre outras mudanças que deveriam ser feitas para acomodar mulheres, como alterações nos uniformes. “Primeiro a decisão tem que ser tomada. Quem sabe quando? Só então os detalhes serão decididos”, concluiu.
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