Filme recria história de São João Bosco na Nigéria contemporânea

DUBLIN, 27 de set de 2021 às 16:55

Quem assistiu o filme "The Oratory" (O oratório, em tradução livre), que conta a história de São Dom Bosco, fundador dos Salesianos de Dom Bosco (SDB), classificaram-no como uma produção inovadora cujo final feliz afirma que o bem triunfa sempre sobre o mal, especialmente num contexto de perseguição contra cristãos.

O filme, a primeira produção católica nigeriana no circuito internacional, teve sua pré-estreia em Dublin, Irlanda, em 10 de setembro, e vai estrear em mais de 16 cidades em quatro continentes, incluindo Londres, Turim, Roma, Lagos, Abuja, Paris e Nairobi.

Segundo a Agenzia Info Salesiana, serviço de informações dos salesianos, o filme retrata a história de São Dom Bosco num cenário nigeriano contemporâneo e é caracterizado por "um estilo divertido, amoroso, estimulante, convincente, formativo e educativo". A indústria do cinema da Nigéria é a terceira mais rentável do mundo, atrás apenas dos EUA e da Índia.

Em entrevista a ACI Africa, agência do grupo ACI no continente africano, o produtor executivo do filme, padre Cyril Odia, "o filme tem recebido uma resposta muito positiva e entusiasmante de duas categorias de espectadores. Por parte de missionários católicos que regressaram à Europa, o final positivo da história confirma o desejo do bem de sempre superar o mal, especialmente à luz da perseguição cristã moderna. Segundo outros espectadores, o filme lhes traz esperança sobre a missão católica com jovens e pobres que muitas vezes têm pouca ou nenhuma esperança nos políticos. Muitos têm uma validação da ideia de que a religião tem muita capacidade para provocar mudanças sociais".

Houve também comentários críticos de espectadores que se interrogaram se o filme é um alerta para sacerdotes e líderes religiosos para que revejam a sua abordagem pastoral aos desafios da pastoral juvenil de hoje, acrescentou o padre Cyril, que é salesiano e nasceu na Nigéria.

Ainda assim, diz o padre Cyril, os espectadores compreenderam o papel central das mulheres na história, que ele diz ser "inteligentemente retratado pelas personagens femininas e pela música do filme".

O filme, de acordo com o serviço de informação dos salesianos, é de assistência obrigatória para qualquer pessoa interessada na história de São João Bosco e que esteja comprometida com o bem-estar dos jovens.

O filme traz no elenco o ator Rich Lowe Ikenna, americano de ascendência nigeriana e centro-americana, e Enyinna Nwigwe, ator nigeriano que participou de mais de 30 filmes, incluindo Black November, ao lado de Kim Basinger, Mickey Rourke, Akon, Wyclef Jean e Anne Heche.

O filme conta a história do Michael Simmons, (Rich Lowe Ikenna), padre americano enviado de Turim, Itália, para uma luxuosa paróquia em Ikoyi, na arquidiocese Lagos, Nigéria.

À chegada, o jovem e teimoso Sacerdote, torna-se mais interessado na situação das crianças de rua do bairro pobre vizinho chamado Makoko.

Para chegar às crianças sem esperança que não estão na escola, ele tem de pisar nos calos de pessoas importantes de sua paróquia e também confrontar Shuga, crimonoso de Makoko que mantém meninos de rua presos e explora o trabalho infantil.

Inspirando-se em São João Bosco e nos missionários salesianos, o padre Michael deve pôr tudo em jogo, incluindo a sua própria segurança, a fim de criar o Oratório e encontrar o propósito da sua vida num ambiente estranho e precário.

Os salesianos chegaram à Argélia, no norte da África, em 1891. Em 1893, as Filhas de Maria Auxiliadora (FMA - Irmãs salesianas) iniciaram também o seu apostolado na África com um centro na Argélia. Atualmente, existem três províncias e dez vice-províncias dos salesianos. Cinco salesianos são bispos na África. A sociedade tem 1.721 membros professos e 155 noviços em cerca de 40 países africanos.

Segundo padre Cyril em sua entrevista, o aspecto teológico do filme se baseia na espiritualidade salesiana da missão com os jovens e se concentra numa realidade africana atual de jovens em situações pobres e perigosas em Lagos, uma das cidades mais populosas da África.

O filme de 1h27 minutos de duração foi produzido pelo nigeriano Obi Emelonye a partir da iniciativa foi do padre Cyril, que trabalha na Casa Santa Catarina, é Reitor da Casa Salesiana de Teologia e capelão na Universidade de Maynooth da Arquidiocese de Dublin, Irlanda.

A Agenzia Info Salesiana relata que a pré-estreia do filme em Dublin teve a participação de 200 pessoas, o número máximo permitido por causa da covid-19, e reuniu salesianos, nigerianos residentes na Irlanda, e o núncio apostólico na Irlanda arcebispo Jude Thaddeus Okolo, que é da Nigéria.

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