BOGOTÁ, 12 de jul de 2004 às 12:24
Após oferta do Governo colombiano de não empreender ação militar alguma contra o Exercito de Libertação Nacional (ELN) “em reciprocidade” a um cessar de hostilidades que declare ao grupo guerrilheiro, vozes da Igreja ressaltaram a importância da iniciativa como um passo decisivo para o futuro do convulsionado país.
Dom Jaime Prieto, Bispo de Barrancabermeja e um dos bispos delegados pela Igreja para este assunto destacou a “reciprocidade” como palavra chave nesta aproximação.
“Creio que aos pouco é possível encontrar as soluções para esses problemas que impedem a aproximação e o dialogo”, disse o Prelado.
Para Dom Prieto agora é preciso esperar a resposta do ELN. “Confio em Deus em que tudo seguirá pelo bom caminho”, acrescentou em Bogotá, onde se realiza a Assembléia Plenária dos bispos colombianos.
Desta maneira, o Episcopado deu sua opinião sobre a carta que o Encarregado de Paz, Luis Carlos Restrepo, remitiu ao facilitador para as aproximações com o ELN, o embaixador mexicano Andrés Valencia, em resposta a planejamentos feitos recentemente por este grupo guerrilheiro.
Assim, ao finalizas o quarto dia da Assembléia, os Bispos também fizeram um chamado às Forças Armadas Revolucionarias da Colômbia (FARC), convocando para que “manifestem sua vontade de paz com atos significativos que demonstrem aos colombianos que querem acabar com tanta dor e tanta angustia”.
Destacou, Dom Luis Augusto Castro, delegado da Igreja para o tema do intercambio humanitário, que se na atualidade as aproximações estão vetados é necessário persistir nesta tarefa. “Se não podemos entrar pela porta da frente, não o faremos pela de trás”, declarou.
Sobre este particular, as famílias das pessoas seqüestradas pelas FARC enviaram recentemente um comunicado para solicitar ao presidente Álvaro Uribe que facilite o trabalho de Dom Castro, pois consideram que esta se entorpeceu devido às operações militares no sul do país.
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Apoiar as negociações pela paz
Por outro lado, os bispos colombianos estenderam a diversos setores seu chamado a por meios necessários para o êxito das negociações e a obtenção da paz no país.
Assim, Dom Julio César Vidal, ao se referir às negociações com os paramilitares precisou que “isto não foi algo improvisado”. “Foram dois anos de contato e aproximação. Se logram desmobilizar vinte mil homens armados, não cabe divida que isso será importantíssimo para o país”.
Dom Vidal intercedeu para que as instituições, a sociedade civil e a comunidade internacional apóiem esta negociação. “Não se deve asfixiar o processo, mas apóiá-lo. No caminho as coisas serão purificas, a fim de que saia limpo para o país”, comentou.
O Arcebispo de Bogotá e presidente da Conferência Episcopal da Colômbia (CEC), Cardeal Pedro Rubiano, disse que a Igreja fez um chamado a todos os que estão à margem da lei: “Pedimos que atendam ao clamor dos colombianos, de suas próprias famílias, pois eles também necessitam da paz, seus entes queridos anseiam que eles vivam em paz”.
Familiares de sequestrados apostam na Igreja
Por outro lado, os familiares dos seqüestrados pelas FARC pediram ao presidente colombiano a facilitação do trabalho que ele mesmo entregou a Igreja a fim de concretizar um acordo humanitário.
“Vale a pena recordar que autorizados por vocês”, a Igreja “realizou um eficaz trabalho de aproximação entre as partes”. A pesar de que nestes momentos “lamentavelmente” foi freado o trabalho humanitário da Igreja “devido ao agravamento dos enfretamentos, agradeceríamos que por sua gestão seja possível este trabalho que não poder ser avaliado”, destaca a mensagem.