O papa Francisco expressou sua tristeza e dor pelo trauma sofrido pelas muitas vítimas de abusos sexuais na Igreja da França.

O papa Francisco disse estar triste e sentir dor pelo trauma sofrido pelas vítimas de abusos sexuais pelo clero na França ao saudar os fiéis de língua franncesa que participavam da Audiência Geral da quarta-feira, 6 de outubro. Francisco se referia à publicação do relatório publicado da Comissão Independente sobre os Abusos na Igreja Católica na França (CIASE) que revelou que, desde 1950, cerca de 330 mil menores foram abusados ​​naquele país por padres, religiosos ou leigos em ambiente religioso.

“Os números são, infelizmente, consideráveis. Desejo expressar às vítimas minha tristeza e meu pesar pelos traumas sofridos e minha vergonha, nossa vergonha, pela demasiado longa incapacidade da Igreja em colocá-las no centro de suas preocupações, assegurando-lhes minhas orações”, lamentou o papa.

Por isso, Francisco destacou: “Rezo e todos nós rezamos juntos: ‘A ti, Senhor, a glória, a nós a vergonha’: este é o momento da vergonha. Encorajo os bispos e vocês, queridos irmãos que vieram aqui para compartilhar este momento, encorajo os bispos e superiores religiosos a continuarem fazendo todos os esforços para garantir que dramas semelhantes não se repitam”.

Da mesma forma, o papa assegurou aos padres da França “proximidade e apoio paternal diante desta provação, que é dura, mas saudável, e convido os católicos franceses a assumirem suas responsabilidades para garantir que a Igreja seja uma casa segura para todos”.

Relatório sobre abusos

O relatório publicado pela Comissão Independente sobre Abusos na Igreja Católica na França (CIASE) foi elaborado durante 31 meses a pedido da Conferência Episcopal Francesa que estudou casos de abuso de menores na Igreja Católica na França nos últimos 70 anos.

Segundo a CIASE, pelo menos de 1950 a 2020; 260 mil menores foram vítimas de abusos sexuais por parte de padres ou religiosos. Cifra que sobe para 330 mil, se contarmos também os abusos cometidos por leigos em ambiente religioso.

Além disso, segundo o relatório, entre 2,9 mil e 3,2 mil religiosos ou padres estiveram envolvidos em diversos tipos de abusos sexuais, o que equivale a 3% das pessoas consagradas na França. A maioria já morreu.

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O presidente da Conferência Episcopal Francesa, que encomendou o relatório, pediu desculpas às vítimas e prometeu aproveitar o relatório com “coragem e força para nos comprometermos ainda com mais precisão”.

Jean-Marc Sauvé, responsável da comissão, disse que são “cifras avassaladoras que exigem medidas muito fortes”, pois até os anos 2000 o relatório constata “uma indiferença profunda e cruel para com as vítimas. Não eram escutadas, não acreditavam nelas”.

O diretor da sala de imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, disse que “o Santo Padre foi informado da publicação do relatório dos bispos franceses, com os quais se encontrou alguns dias durante a visita ad limina, e assumiu com dor o conteúdo".

O papa pediu a Deus que obre "o milagre da cura" nos 330 mil menores que sofreram abusos por parte de membros da Igreja Católica desde 1950 e agradeceu às vítimas pela coragem em denunciar.

Por fim, Francisco rezou "pela Igreja na França, para que, consciente desta terrível realidade, unida ao sofrimento do Senhor por seus filhos mais vulneráveis, possa empreender um caminho de redenção".

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