Vaticano, 10 de out de 2021 às 10:18
O papa Francisco inaugurou neste domingo, 10, os trabalhos do Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade com uma missa solene na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Na cerimônia ele se referiu ao processo sinodal como um "itinerário" ao longo do qual a Igreja está em caminho.
O papa encorajou toda a comunidade cristã a participar do Sínodo com a saudação que os povos ao longo do Caminho de Santiago de Compostela costumam fazer aos peregrinos: "Bom Caminho!".
Na sua homilia, Francisco desejou "que possamos ser peregrinos apaixonados pelo Evangelho, abertos às surpresas do Espírito". Não percamos as ocasiões agradáveis de encontro, de escuta mútua, de discernimento. Com a alegria de saber que, enquanto buscamos o Senhor, é ele quem vem primeiro para nos encontrar com seu amor.
O Santo Padre enfatizou que "os Evangelhos frequentemente apresentam Jesus 'em caminho', acompanhando o homem em sua jornada e escutando as perguntas que enchem e perturbam seu coração".
"Desta forma, ele nos revela que Deus não habita em lugares assépticos e tranquilos, longe da realidade, mas caminha ao nosso lado e nos alcança onde quer que estejamos, nos caminhos às vezes difíceis da vida", acrescentou. “Fazer sínodo significa caminhar juntos na mesma direção", disse.
O papa se concentrou na homilia em três verbos: encontrar, ouvir, discernir.
Primeiramente refletiu sobre o encontro: "No Evangelho há muitos encontros com Cristo que revivem e curam". Jesus não estava com pressa. Ele não olhou para o relógio para terminar o encontro rapidamente. Ele estava sempre a serviço da pessoa que conheceu para escutá-la".
"Nós também, que estamos começando esta jornada, somos chamados a ser especialistas na arte do encontro". Não em organizar eventos ou em fazer uma reflexão teórica sobre os problemas, mas acima de tudo em sabermos tomar tempo para estar com o Senhor e encorajar o encontro entre nós".
Neste sentido, o Sínodo é "um tempo para dar espaço para a oração, para a adoração". "Dar espaço à adoração, àquilo que o Espírito quer dizer à Igreja; concentrar-se no rosto e na palavra do outro, encontrar-se face a face, deixar-se tocar pelas perguntas de nossas irmãs e irmãos, ajudar-se mutuamente para que a diversidade de carismas, vocações e ministérios nos enriqueça".
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Em segundo lugar, ouvir. "Um verdadeiro encontro só vem da escuta. "Quando ouvimos com o coração, isto acontece: o outro se sente acolhido, não julgado, livre para compartilhar sua própria experiência de vida e sua jornada espiritual”.
"O Espírito nos pede que escutemos as perguntas, as preocupações, as esperanças de cada Igreja, de cada povo e nação". E também para ouvir o mundo, os desafios e as mudanças que ele nos apresenta. Não nos deixemos insonorizar nossos corações, não nos escondamos atrás de nossas certezas. As certezas muitas vezes nos fecham. Ouçamo-nos uns aos outros”, disse.
Ao final, o papa disse sobre o discernimento: "O encontro e a escuta recíproca não são algo que termina em si mesmo, que deixa as coisas como estão. Pelo contrário, quando entramos em diálogo, iniciamos o debate e a viagem e, no final, não somos os mesmos de antes, nós mudamos".
"O sínodo é um caminho de discernimento espiritual, de discernimento eclesial, que se realiza em adoração, em oração, em contato com a Palavra de Deus", concluiu.
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