VALÊNCIA, 15 de out de 2021 às 15:25
Embora a Polônia ainda seja um dos países europeus com mais vocações sacerdotais, na última década experimentou uma diminuição drástica e progressiva do número de seminaristas.
O presidente da Conferência dos Reitores dos Seminários Maiores da Polônia, padre Piotr Kot, informou que o número de novos seminaristas que entraram nos seminários no país este ano diminuiu 20% em relação a 2020.
Em 12 de outubro, o padre disse à agência de notícias polonesa KAI que apenas 356 seminaristas começaram seus estudos em 2021, enquanto no ano passado havia 441 ingressantes. Segundo o padre Piotr Kot, dos 356 seminaristas que iniciaram os estudos, 242 visam o sacerdócio diocesano e 114, as ordens religiosas. São 47 seminaristas a menos nos seminários diocesanos e 38 a menos nas ordens religiosas, disse ele.
Segundo o semanário católico polonês Gość Niedzielny, as vocações sacerdotais diminuíram drasticamente na Polônia nos últimos anos. A publicação informou que, em 2012, inscreveram-se 828 candidatos no primeiro ano do seminário, enquanto em 2019 se inscreveram 498 pessoas. Em 2020, havia apenas 441 cadastrados.
Em março de 2021, os bispos poloneses fizeram os ajustes finais em um decreto, denominado “Ratio Institutionis Priestotalis pro Poland” (O caminho de formação dos sacerdotes na Polônia), onde estabeleceram novas regras para a formação sacerdotal.
Padre Kot disse ao jornal polonês que era difícil identificar com certeza todos os fatores por trás da diminuição das vocações sacerdotais.
Ele destacou que, embora Deus continue chamando os jovens das novas gerações para seguir a vocação ao sacerdócio, eles têm dificuldade em responder.
“Às vezes eles se julgam indignos ou incapazes de uma vida assim”, disse ele. “Por trás disso, podem estar histórias difíceis do passado: falta de modelos apropriados no lar, vícios precoces, problemas de personalidade e distúrbios de identidade”, disse ele.
“Outros estão relutantes em seguir o chamado de uma vocação porque uma imagem negativa da Igreja e do sacerdócio está enraizada em torno deles”, disse ele.
“Hoje esse fator é reforçado pela crise dos abusos sexuais. Se um jovem assim não entra numa oração mais profunda, não encontra um diretor espiritual ou recebe apoio em uma comunidade que vive a fé com entusiasmo e autenticidade, é difícil para ele responder ao chamado”, destacou.
Para o padre, outro fator que influencia a diminuição da opção pela vocação ao sacerdócio é o “hiperindividualismo” da sociedade contemporânea, que dificulta nos jovens a decisão de sacrificar a vida pelos demais.
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A Igreja Católica na Polônia está sofrendo como consequência da crise de abusos sexuais noticiada no clero. Em junho, a Igreja relatou ter recebido 368 denúncias de abusos religiosos nos últimos dois anos e meio.
Desde novembro de 2020, o Vaticano tem tomado medidas disciplinares com vários bispos poloneses, principalmente aposentados, após investigações que foram realizadas aplicando a carta apostólica na forma do motu proprio “Vos estis lux mundi” do papa Francisco.
Deve-se notar que, apesar da diminuição do número de seminaristas, a Polônia continua sendo um dos países europeus com o maior número de vocações sacerdotais. O site “Notes from Poland” informou no ano passado que uma em cada quatro ordenações sacerdotais na Europa ocorrem na Polônia.
Na Irlanda, uma antiga potência católica com uma população de quase cinco milhões de pessoas, nove candidatos estão iniciando seus estudos para o sacerdócio este ano.
Em 2020, houve 56 ordenações sacerdotais diocesanas na Alemanha, um país vizinho à Polônia com uma população de 83 milhões de pessoas.
O relatório "A Igreja na Polônia", publicado em março deste ano, revelou que 91,9% dos poloneses, cerca de 32,5 milhões de pessoas, se identificam como católicos e 36,9% dos católicos na Polônia assistiam regularmente à missa.
A pesquisa observou que a Igreja Católica na Polônia tinha dois cardeais, 29 arcebispos, 123 bispos, 33,6 mil padres e cerca de 19 mil religiosos.
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