SANTIAGO, 20 de out de 2021 às 13:09
As dependências da diocese de Talca, Chile, foram incendiadas e saqueadas por um grupo de encapuzados, em 18 de outubro, dois anos depois do “surto social”, manifestações por reformas sociais nas quais atos de vandalismo e ataques contra propriedades públicas e privadas e igrejas.
Desde outubro de 2019, várias igrejas foram alvo de ataques dos encapuzados, como a paróquia de La Asunción, a paróquia de Vera Cruz ou a igreja de São Francisco de Borja, que foram totalmente destruídas.
Na segunda-feira, 18, ao final de novas manifestações em várias cidades do Chile, grupos de encapuzados destruíram patrimônio público, saquearam empresas e iniciaram incêndios. As fachadas de várias igrejas foram pichadas com slogans e foi registrado um incêndio em um templo evangélico no sul do país.
Segundo dados da polícia chilena, durante o dia foram registradas duas mortes nos 486 atos de violência no país. Foram presas 450 pessoas.
Na cidade de Talca, durante a noite, os escritórios da diocese onde funcionam o Vicariato da Pastoral Juvenil, o Vicariato da Pastoral Social, a Pastoral de Mobilidade Humana e a Fundação Hogar de estudantes universitários foram saqueadas e incendiadas. Os bombeiros não conseguiram evitar a perda dos móveis de vários escritórios.
O bispo de Talca, dom Galo Fernández, agradeceu "àqueles que imediatamente expressaram sua solidariedade e apoio" à diocese. “Acima de tudo, àqueles que vieram ao local prontamente para controlar o incêndio e evitar maiores danos; nossos mais sinceros agradecimentos aos vizinhos, aos voluntários do Corpo de Bombeiros, aos policiais do Chile e aos funcionários da diocese”.
“Ser vítimas dessa violência irracional nos ajuda a compreender e solidarizar com a dor que tantos experimentaram em circunstâncias semelhantes nos últimos tempos. Pensamos especialmente naqueles que foram afetados em suas fontes de trabalho”, refletiu.
Por isso, como diocese, reiteraram a “convicção de que a paz e o diálogo são o caminho da justiça e do desenvolvimento”.
“Essa violência não representa as aspirações da grande maioria do país, porque em nada contribui para resolver os problemas do Chile, especialmente dos mais vulneráveis”.
Ainda assim, apesar das dificuldades, “continuaremos com renovada convicção no serviço aos mais necessitados e na tarefa de anunciar com alegria o nome de Jesus Senhor e Salvador”, concluiu.
Do surto social à Convenção Constitucional
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Diante do surto social, em outubro de 2019, o Parlamento e o governo chileno fizeram um pacto para acolher as exigências sociais por meio de uma mudança constitucional.
A ideia foi submetida a plebiscito em 25 de outubro de 2020 e 78,27% do eleitorado, cerca de 14 milhões de chilenos, aprovou a redação de uma nova Carta Magna.
Também por meio de plebiscito, nos dias 15 e 16 de maio de 2021, as 155 pessoas que hoje integram a Convenção Constitucional foram escolhidas para elaborar o projeto de Constituição que poderia substituir o que está em vigor desde 1980.
Depois de constituídos em 4 de julho de 2021, os redatores da Constituição, chamados constituintes convencionais, trabalharam no regulamento de funcionamento publicado em 13 de outubro.
Uma das primeiras polêmicas foi o pedido de alguns membros da Convenção para que os detidos recebessem indulto por participarem de atos de violência durante as manifestações.
O texto do projeto de Constituição deve ser votado em plebiscito o primeiro semestre de 2022.
Confira também:
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— ACI Digital (@acidigital) October 19, 2020