Roma, 22 de out de 2021 às 15:39
A Itália já não precisa de um "plano de desenvolvimento", e sim de "uma profecia", uma "voz firme que com autoridade, saiba ler os sinais dos tempos, disse o arcebispo de Perúgia-Cittá della Pieve, cardeal Gualtiero Bassetti. Bassetti, também presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI) falava na abertura da 49ª Semana Social dos Católicos Italianos em Taranto com o tema "O Planeta que esperamos: Ambiente, Trabalho, Futuro”.
Em Taranto, no Natal de 1968, o Papa Paulo VI tomou a decisão de celebrar missa na fábrica Italsider, junto aos trabalhadores. Foi a primeira vez que um papa celebrou a liturgia do Natal em uma fábrica. O cardeal Bassetti partiu dessa visita histórica, na qual são Paulo VI disse que parecia "não haver uma linguagem comum" entre os trabalhadores e a Igreja, mas disse: "Jesus Cristo é por vocês". A Igreja "reconhece a necessidade de justiça para com o povo honesto, e defende-a, como pode, e promove-a", disse o então papa.
Promover a "justiça civil e social", segundo o cardeal Bassetti, "antes de mais nada”, significa “defender e valorizar, em qualquer latitude e em qualquer circunstância, o valor da dignidade humana, que não pode ser pisada", porque "a pessoa humana não pode ser explorada, não pode ser mercantilizada e não pode ser morta", e "nenhuma razão econômica pode mercantilizar qualquer forma de escravidão física ou moral de um homem, uma mulher ou uma criança".
O presidente da Conferência Episcopal Italiana destacou que promover a justiça social significa também "desenvolver e promover uma ecologia integral", o que "não é apenas um apelo à defesa do ambiente em que estamos imersos, mas é, sobretudo, uma exortação a viver uma existência "interdependente", que "não é tanto uma categoria sociológica como um valor agregado para a sociedade contemporânea”, como foi demonstrado pela pandemia de covid-19.
Esta é a "grande herança da pandemia", disse o cardeal. Tudo isto é "duríssimo e incalculável nas nações mais pobres" e "claramente visível nos países mais desenvolvidos como a Itália", onde também podemos ver "um mal-estar social que se manifesta nas entranhas da nossa sociedade, e que ressurge sempre que há uma crise humanitária: anteriormente eram os migrantes, hoje é a pandemia".
É aqui que a profecia se faz necessária, disse dom Bassetti, através de um "novo humanismo que requer novas categorias, novas palavras-chave e também novas personalidades: um novo humanismo baseado em Cristo. Ele é o novo humanismo".
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O cardeal observou que "o centro de gravidade do mundo parece deslocar-se cada vez mais para o leste", enquanto que a maior potência está "na parte mais ocidental do planeta"; isto significa que a Itália e a Europa "se encontram num grande meio termo", que "corre o risco de não ser uma terra de ligação, mas uma terra de periferia", constituída por "pessoas idosas, caracterizadas por um Inverno demográfico frio, por um desenvolvimento econômico cada vez mais asfixiado". Uma terra que "está abandonando o cristianismo ", disse Bassetti.
O cardeal concluiu sua fala dizendo que a Itália "corre o risco de ser a periferia extrema de um mundo periférico" e, por esta razão, "uma visão profética e novos protagonistas" são necessários, especialmente "os jovens, que são pessoas verdadeiramente livres", que "não se deixam seduzir pelas velhas ideologias do século XX e que não ficam deslumbrados pelos novos demagogos".
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