Vaticano, 25 de out de 2021 às 09:13
Centenas de cubanos tentaram ir ontem, 24 de outubro, ao Vaticano pedir um pronunciamento do papa Francisco e da Igreja sobre a situação de Cuba, três meses depois dos protestos contra o regime comunista de 11 de julho violentamente reprimidos. Com bandeira de Cuba, e gritando lemas a favor da liberdade, os cubanos foram barrados na Via da Conciliação, que dá acesso à praça de São Pedro, enquanto o papa Francisco rezava a oração mariana do Ângelus.
HOY en el Vaticano, los cubanos piden solidaridad:
— Rosa María Payá A. (@RosaMariaPaya) October 24, 2021
“Dios, Patria, Vida y Libertad”@Pontifex_es, una oración por el pueblo cubano que reclama libertad.pic.twitter.com/hUOODjhqjP
“Deus, pátria, vida e liberdade!”, foi um dos gritos de um grupo de mulheres que se manifestava pacificamente pedindo que o Vaticano dê atenção a Cuba.
Os presentes também gritaram: “Direitos humanos para os cubanos!” e “Queremos Cuba livre!”.
En este momento, cientos de cubanos se manifiestan frente al Vaticano ante la negativa del Papa Francisco de pronunciarse sobre las violaciones a los derechos humanos en Cuba. Histórico. pic.twitter.com/pBsjnYyapk
— Agustin Antonetti (@agusantonetti) October 24, 2021
“Estamos no meio da rua porque o que está acontecendo esta manhã é que eles não nos deixam avançar, não nos deixam passar, colocaram uma barreira entre a Santa Sé e os cubanos”, disse um dos participantes, em um vídeo publicado no Twitter.
“Nós, cubanos, viemos aqui somente para pedir direitos humanos e para professar a nossa fé. Um pedido de oração para o povo que está passando mal. Um pedido de oração para milhares de seres humanos que estão sofrendo as consequências de viver sequestrados sob uma ditadura totalitária e genocida que está acabando com vidas”.
Desde El Vaticano, en pedido de oración x Cuba https://t.co/Wf886Z6mqX
— Movimiento AxD (@AxdMovimiento) October 24, 2021
Em sua opinião, “o mínimo que milhões de seres humanos em dificuldades merecem é que haja um pronunciamento e um pedido de oração, que haja uma conciliação”.
“E assim tratam aos cubanos livres. Assim estamos, jogados na rua, sem poder avançar. Há gente de muitíssimos lugares. Há necessidade de que as nossas vozes sejam ouvidas e nossos pedidos sejam levados em consideração”, disse.
Um homem que conseguiu entrar na Praça de São Pedro ajoelhou-se segurando uma bandeira cubana aberta enquanto o papa presidia o Ângelus. Agentes da polícia se aproximaram e tiraram a bandeira dele, apesar dos protestos para que não o fizessem.
Bravo por este valiente cubano y patriota , hoy 24 octubre 2021 en el Vaticano @ComisionEuropea @CIDH @charanzova@PowerUSAID @amnistia @ONU_derechos @abc_es @dw_espanol @rtvenoticias #TodosSomosArchipiego #PatriayVida #Cuba . pic.twitter.com/83QL0zkIyP
— Esteban Lazo, El Yonqui (@LazoParodia) October 24, 2021
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No domingo, 18 de julho, uma semana após o início dos protestos de 11 de julho e após a oração do Ângelus, o papa Francisco disse estar “próximo também do querido povo cubano nestes momentos difíceis, especialmente das famílias que mais sofrem. Rezo ao Senhor para que o ajude a construir em paz, diálogo e solidariedade uma sociedade cada vez mais justa e fraterna”.
“Exorto todos os cubanos a confiar na materna proteção da Virgem Maria da Caridade do Cobre. Ela vos acompanhará”, disse Francisco na ocasião.
Nos arrodillamos frente al Vaticano xq no nos dejan pasar, nuestra fe no merece ser escuchada según la iglesia católica, así nos segregan y dividen a quiénes pacíficamente queremos libertad y derechos humanos para nuestro pueblo.. #SosCuba #PatriaYVida pic.twitter.com/EHwKwbPD0N
— Lázaro Mireles (@lachy77) October 24, 2021
Em 11 de julho, surgiram espontaneamente protestos em toda Cuba contra o regime comunista do presidente Miguel Díaz-Canel, sucessor dos ditadores Fidel e Raúl Castro.
O governo respondeu com violência e prisões arbitrárias, também contra padres e leigos comprometidos com a Igreja em Cuba.
Há poucos dias, a Conferência Cubana de Religiosos e Religiosas (CONCUR) denunciou que persistem as irregularidades e os abusos por parte das autoridades contra os cidadãos que ainda estão detidos.
Em nota divulgada na quarta-feira, 20 de outubro, os religiosos cubanos qualificaram de "desumana" a "falta de comunicação presencial" dos detidos com suas famílias, o que "pareceria uma pena adicional".
A las puertas de la Ciudad del Vaticano decenas cubanos se acostaron con banderas encima a pedir LIBERTAD para #Cuba!!.
— Félix Llerena (@FelixLlerenaCUB) October 24, 2021
Las autoridades no le permitieron a los manifestantes acceder a la Plaza de San Pedro.@Pontifex_es los cubanos queremos libertad!! Escuche a nuestro pueblo. pic.twitter.com/PG9syl7C5v
A ONG espanhola de defesa legal dos direitos humanos, Prisoners Defenders, informou em 6 de outubro um “recorde histórico em Cuba de 525 presos políticos nos últimos 12 meses”, bem como 442 casos ativos no mês de setembro.
Prisoners Defenders constatou, além disso, “dentre os mais de 1,5 mil casos de medidas de limitação da liberdade sob autos fiscais ou sentenças, aplicadas aos manifestantes detidos aos milhares desde 11 de julho, uma lista de 442 casos de prisioneiros de consciência e condenados políticos que pudemos determinar ativos durante setembro de 2021 ".
Acrescentou que dos 442 casos, “288 pertencem à repressão relacionada ao 11 de julho em Cuba, cifra inferior ao 20% do total gerado pela onda repressiva, já que é totalmente impossível cobrir os casos entre a população por múltiplos razões".
Confira também:
Continuam os abusos contra presos em protestos em Cuba, dizem religiosos https://t.co/fKJ6GFByB6
— ACI Digital (@acidigital) October 22, 2021