O arcebispo de Porto Velho (RO), dom Roque Paloschi, determinou que a vacina contra covid-19 é obrigatória para padres, diáconos e agentes de pastorais. A decisão, segundo ele, se deve à “responsabilidade para com o povo que está em contato com nossos agentes de pastoral”. Em dezembro do ano passado, a Congregação para a Doutrina da Fé da Santa Sé afirmou que a vacinação não é uma obrigação moral e, por isso, deve ser voluntária.

Dom Roque Paloschi publicou no dia 27 de outubro as “disposições concernentes à vacinação em tempo de pandemia da covid-19”. No documento, afirma: “Orientamos que, a partir da publicação deste, não sejam admitidos para desenvolver seu ministério em nossas comunidades Catequistas, Ministros da Comunhão e da Palavra, Padres, Diáconos, coordenadores de pastorais, movimentos, serviços e comunidades e demais agentes de pastoral que não estejam em dia com a vacinação contra a Covid-19 (ao menos com segunda dose ou dose única, e a terceira quando for possível)”.

O arcebispo declarou que é preciso “zelar pelo bem e saúde de todos e de todas”. “Não podemos admitir que a falta de informação e as notícias falsas que circulam irresponsavelmente, principalmente nas redes sociais, venham a ser causa de doença ou morte de mais irmãos e irmãs”, afirmou.

A decisão, disse, foi tomada levando em consideração “o avanço da pandemia da covid-19” e a “necessidade de seguirmos as medidas sanitárias para o enfrentamento da mesma”. Além disso, afirmou “que infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa é crime, com pena de um a doze meses de detenção e multa, segundo o artigo 268 do Código Penal”.

Dom Roque disse que também considerou “orientações que o papa Francisco nos tem feito nesses últimos meses”. Ele citou as falas do pontífice em um vídeo divulgado em agosto, gravado junto com seis cardeais e arcebispos das Américas para incentivar as pessoas do continente a se vacinar contra covid-19. No vídeo, o papa afirma que “graças a Deus e ao trabalho de muitos, hoje temos vacinas para proteger-nos da covid-19. Elas são esperança para acabarmos com a pandemia, mas somente se estiverem disponíveis para todos e se colaborarmos uns com os outros”. Além disso, Francisco disse que “vacinar-se com as vacinas autorizadas pelas autoridades competentes é um ato de amor”.

Em 21 de dezembro de 2020, a Congregação para a Doutrina da Fé publicou uma “nota sobre a moralidade do uso de algumas vacinas anticovid-19” e afirmou que, “para a razão prática parece evidente que, em geral, a vacinação não é uma obrigação moral e, por conseguinte, deve ser voluntária”.

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O documento da Santa Sé abordou o fato de todas as vacinas contra covid-19 serem desenvolvidas ouo testadas “recorrendo a linhas celulares derivantes de tecidos obtidos de dois abortos ocorridos no século passado”. As vacinas contra covid-19 autorizadas no mercado foram produzidas ou testadas usando células oriundas de abortos feitos nos anos 1970.

Na nota, a Congregação para a Doutrina da Fé afirma ser “moralmente aceitável” o uso dessas vacinas, pois “o tipo de cooperação para o mal (cooperação material passiva) do aborto provocado do qual derivam as mesmas linhas celulares, por parte de quem utiliza as resultantes vacinas, é remota”. Além disso, declara que “quantos por motivos de consciência rejeitam as vacinas produzidas com linhas celulares derivadas de fetos abortados, devem esforçar-se para evitar, com outros meios profiláticos e comportamentos idôneos, de se tornar veículos de transmissão do agente contagioso”.

Procurados por ACI Digital, o arcebispo de Porto Velho, dom Roque Pasloschi, e o chanceler, padre Marcelo Moschini Daudt, não se pronunciaram.

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