DENVER, 3 de nov de 2021 às 13:19
O padre Joseph Mary Wolfe, sacerdote da Ordem dos Franciscanos do Verbo Eterno e capelão da capela EWTN, contou ao jornal National Catholic Register como a devoção de seu pai a são José, o patrono da boa morte, ajudou-o na hora da sua partida.
Padre Wolfe disse que em novembro de 2020, quando viajou para sua Estado natal, Iowa, EUA, para o casamento de seu sobrinho mais novo, a saúde de seu pai se debilitou de forma inesperada levando-o rapidamente à morte. Para o padre, o fato de poder estar perto de seu pai, junto com seus familiares, na hora de sua morte foi uma graça de Deus.
“Na providência de Deus, pude estar com meu pai, Nicholas, na última semana de sua vida. Ele recebeu tudo o que a Igreja oferece para os moribundos, incluindo uma missa de viaticum em volta de seu leito, com minha mãe, irmã e seu marido na casa de meus pais”, disse ele.
A palavra "viático" ou "viaticum" vem do latim "via", que é caminho, e significa "alimento para a viagem". Na Igreja Católica, esta expressão se refere à eucaristia que um padre dá a uma pessoa em perigo de morte ou que está morrendo, junto com a unção dos enfermos e a confissão.
Em seguida, no momento em que “estava rezando o terço” em estado de coma leve, “papai de repente abriu os olhos, que imediatamente fixaram e seguiram algo. Eu perguntei o que ele estava olhando. Ele respondeu: 'A Mãe Santíssima ... a Mãe Santíssima e o Menino Jesus'”, recordou o padre Wolfe.
Seu pai morreu em 13 de novembro, no memorial do papa São Nicolau I, o Grande, um papa "do século XIX que foi um grande defensor do matrimônio". O padre Wolfe disse que além de “seu matrimônio fiel de 63 anos com minha mãe, Rose, até a morte”, seu pai, Nicholas, deixou o testemunho de que são José pode ajudar os fiéis a terem uma boa morte.
Ele contou que depois da morte, soube que seu pai havia rezado a são José com frequência pedindo uma boa morte. Narrou que quando foi ver o seu livro de orações, encontrou dentro dele uma folha de jornal recortada que tinha a “oração por uma boa morte” a são José. Pelo desgaste do papel, era óbvio que “rezava a oração com frequência, provavelmente diariamente”, disse.
O padre explicou que “a Igreja Católica nos encoraja e nos dá os meios para nos prepararmos para a morte. Por exemplo, na ladainha dos santos rezamos: 'Da morte repentina e imprevista, livra-nos, Senhor'; na Ave Maria pedimos à Virgem que interceda por nós ‘na hora da nossa morte’; e na 'oração por uma boa morte' nos entregamos a São José”.
“Meu pai certamente teve uma boa morte, pois recebeu os sacramentos e tinha uma família amorosa com ele quando foi para nosso verdadeiro lar no céu. Que bênção para ele e um grande conforto para mim e minha família!”, disse o padre Wolfe.
Ele lembrou que “só porque Cristo morreu e ressuscitou é que podemos falar de 'uma boa morte'. Cristo venceu a morte com sua própria morte e ressurreição”. A Carta aos Colossenses destaca que a plenitude que nos dá o seguimento de Cristo “consiste em ser sepultado com ele no batismo e em ressuscitar com ele pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou da morte”.
Embora no túmulo de meu pai esteja sua lápide com seu nome e as datas de seu nascimento, matrimônio e morte, no túmulo de Jesus isso não existe, porque Cristo vive, disse o padre Wolfe. A Bíblia narra que “os anjos perguntaram às mulheres: ‘Por que buscais entre os mortos aquele que está vivo? Não está aqui, mas ressuscitou'”; e somos lembrados de que "o túmulo está vazio, por isso podemos falar de 'uma boa morte' para os 'que vivem em Cristo Jesus'", disse ele.
O padre Wolfe explicou que “são José é o padroeiro de uma boa morte, já que tradicionalmente se afirma que ele morreu antes de Jesus iniciar sua vida pública”. Explicou que "a presença ativa de José nunca se menciona" na vida pública de Jesus, pois parece que, a essa altura, a obra que Deus confiou a são José já havia sido concluída. Além disso, garantiu que dificilmente Jesus teria confiado sua mãe a são João se José ainda estivesse vivo quando o crucificaram.
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“São José morreu como viveu, com Jesus e Maria”, disse. Por isso, o padre disse que a chave que o justo são José nos deu para uma boa morte é “viver uma vida de serviço amoroso a Deus, Jesus, Maria e aos outros”.
Ele lembrou que a "morte para os crentes que se esforçam para cumprir a vontade de Deus em suas vidas não é uma terrível extinção da vida e uma entrada no desconhecido, mas uma transição suave para a plenitude da vida que já começou. Santa Teresa, no final de sua curta vida, dizia: “Não estou morrendo, estou entrando na vida”.
O padre contou que a irmã Raphael, amiga íntima e vigária da Madre Angélica, fundadora da EWTN, deu testemunho de que Cristo vive na hora de sua morte. Contou que a freira, pouco antes de morrer “parecia estar entre o céu e a terra” e disse à Madre Angélica: “Madre, o que você nos disse é verdade! Tudo é verdade!".
“Sim, queridos amigos, tudo é verdade. É por isso que podemos falar de uma morte feliz”, disse o padre Wolfe, e lembrou que em novembro a Igreja nos convida a rezar pelo descanso eterno das almas de nossos seres queridos que morreram; e também seguir a chave de são José para uma boa morte, que é “uma vida de serviço amoroso a Deus e aos outros”.
Além de rezar pelas benditas almas do Purgatório, ele também nos incentivou a invocar sempre os nomes de Jesus e de Maria, especialmente na “hora da nossa morte”, porque assim também desfrutaremos “uma transição suave para a plenitude da vida que já começou em nós”.
Padre Wolfe lembrou que embora Scott Hahn tenha escrito em seu livro "Hope to Die" que o Evangelho foi chamado de "a maior história já contada", na verdade é "apenas a 'introdução', porque o que vem depois desta vida será a maior história já contada”.
Quando morrermos, “veremos nos olhos do Pai a história da nossa própria vida e da vida de todas as outras pessoas do mundo. Veremos que cada uma das nossas histórias está ligada umas às outras e dá sentido a todas as histórias”, disse.
Conheceremos "a história que esperamos ouvir durante toda a nossa vida" e "nenhuma história será entediante porque a história da nossa salvação foi escrita por Deus, e Ele orquestra cada detalhe de cada vida, trabalhando com e por meio de nossos vontade, para nos conduzir a Ele: vida eterna e alegria no céu com Ele”, concluiu.
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