O prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, arcebispo Arthur Roche, disse que a missa tradicional latina foi "revogada pelo papa São Paulo VI". Roche, nomeado em maio deste ano para substitui no cargo o cardeal Robert Sarah, que se aposentou, fez o comentário em uma carta datada de 4 de agosto ao cardeal inglês Vincent Nichols.

A carta de Roche respondia a uma carta de Nichols de 28 de julho, sobre a aplicação do motu proprio Traditionis custodes, com o qual o papa Francisco restringiu a celebração da missa na forma anterior à reforma do Concílio Vaticano II. Francisco determinou que é "competência exclusiva" do bispo autorizar ou não a missa tradicional em sua diocese e que ela não pode ocorrer em uma igreja paroquial.

Traditionis custodes revogou a carta apostólica Summorum pontificum de Bento XVI de 2007, que dava o direito de rezar a missa usando o Missal Romano de 1962 a todos os sacerdotes.

Roche diz que sua resposta expressa na carta foi "de natureza pessoal", já que a congregação ainda não havia emitido diretrizes sobre a interpretação do documento. "Claramente, este é um momento que exige dos pastores uma delicadeza de cuidado e direção para com aqueles que são mais afetados pelas leis agora em vigor", escreveu Roche.

"O uso de textos litúrgicos anteriores foi regulamentado e não suprimido. As razões para isto estão claramente delineadas na carta do papa" que acompanha o motu proprio Traditionis custodes.

"A má interpretação e promoção do uso desses textos, após apenas concessões limitadas pelos Pontífices anteriores, tem sido usada para encorajar uma liturgia que contraria a reforma conciliar (e que, de fato, foi ab-rogada pelo Papa São Paulo VI), e uma eclesiologia que não faz parte do Magistério da Igreja".

De acordo com a Enciclopédia Católica, a revogação é "a abolição total de uma lei".

Em uma carta aos bispos do mundo acompanhando o Summorum pontificum, Bento XVI escreveu: "Quanto ao uso do missal de 1962 como forma extraordinária da liturgia da missa, gostaria de chamar a atenção para o fato de que este missal nunca foi juridicamente ab-rogado e, consequentemente, em princípio, sempre foi permitido".

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Nichols, que além de arcebispo de Westminster é presidente da conferência dos bispos ingleses e galeses, fez a Roche seis perguntas sobre o motu próprio Traditionis Custodes. Elas incluíam se a Santa Sé emitiria mais orientações sobre a aplicação do motu proprio, se o documento se aplicava a outros sacramentos como o batismo, e como o termo "grupos" utilizado na carta do papa Francisco deveria ser entendido.

Nichols escreveu: "Embora o motu proprio tenha entrado em vigor imediatamente, estamos cientes de que sua aplicação correta e duradoura levará tempo".

"Da combinação do texto do motu proprio e de sua carta de acompanhamento, fica claro que o Santo Padre deseja uma unidade de oração litúrgica, expressa através da 'expressão única da lex orandi [lei de oração] do rito romano'".

"Na atenção pastoral, teremos que acompanhar as pessoas que estão firmemente apegadas ao missal de 1962 na transição ao missal dos santos papas Paulo VI e João Paulo II".

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