Vaticano, 18 de nov de 2021 às 08:47
O responsável da Santa Sé para a liturgia, arcebispo Arthur Roche, disse que o papa Francisco publicou o motu proprio Traditionis custodes, que restringe a celebração da missa tradicional, porque o esforço de reconciliar a Sociedade de São Pio X "não foi totalmente bem-sucedida" e é preciso "voltar" ao que o Vaticano II exige da Igreja.
Em entrevista a um canal de televisão suíço, transmitida em 14 de novembro, o arcebispo Roche, prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, disse que "a forma normal da celebração do Rito Romano se encontra naqueles documentos que foram publicados a partir do Concílio Vaticano II".
A criação da Comissão Ecclesia Dei por parte de João Paulo II e a publicação do motu proprio Summorum Pontificum por Bento XVI "foram feitos com o fim de encorajar os Lefebvristas, sobretudo, a voltar à unidade com a Igreja", continuou Roche, referindo-se à Sociedade de São Pio X pelo nome de seu fundador, o arcebispo Marcel Lefebvre.
"O que a Traditionis custodes está dizendo claramente é: OK, esta experiência não foi totalmente bem-sucedida. Portanto, voltemos ao que o Concílio exigiu da Igreja", disse o.
Emitido com efeitos imediatos em 16 de julho, o motu proprio do papa Francisco Traditionis custodes (Guardiães da tradição) estabelece que é "competência exclusiva" de cada bispo autorizar ou não a celebração da missa na forma anterior à reforma do Concílio Vaticano II.
Em uma carta aos bispos do mundo explicando sua decisão, o papa disse se sentir compelido a agir porque o uso do missal de 1962 era "frequentemente caracterizado por uma rejeição não só da reforma litúrgica, mas do próprio Concílio Vaticano II, alegando, com afirmações infundadas e insustentáveis, que ele traía a Tradição e a 'verdadeira Igreja'".
Traditionis custodes revogou Summorum pontificum, carta apostólica do papa Bento XVI, de 2007, que dava o direito de todos os padres de rezar a missa tradicional.
O papa João Paulo II escreveu a carta apostólica Ecclesia Dei em 1988, depois que Lefebvre ordenou quatro bispos sem a permissão da Santa Sé, incorrendo em um cisma. Lefebvre, que viveu em Écône, Suíça, foi excomungado junto com os quatro bispos e morreu excomungado.
Bento XVI suspendeu a excomunhão dos quatro bispos ilegitimamente consagrados em 2009, anos após a morte de Lefebvre, como parte de sua tentativa de trazer a sociedade de volta à plena unidade com a Igreja Católica. A Sociedade São Pio X continua a ter um status canonicamente irregular.
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Em seus comentários ao programa de televisão suíço, Roche disse que a reforma litúrgica era desejada pela maioria dos bispos presentes no Concílio Vaticano II, que ocorreu em Roma entre os anos de 1962 e 1965.
"E temos que lembrar que não era a vontade do papa. Era a vontade da grande maioria dos bispos da Igreja Católica, que estavam reunidos no 21º Concílio Ecumênico, guiando o papa em relação ao futuro", disse o arcebispo.
O arcebispo inglês de 71 anos acrescentou: "O que foi produzido em 1570 foi inteiramente apropriado para a época. O que é produzido nesta época também é inteiramente apropriado para a época".
O ano de 1570 foi quando o Papa Pio V emitiu a Constituição Apostólica Quo primum, tornando obrigatório o uso do Missal Romano revisado em toda a Igreja Ocidental, com algumas exceções e oficializou a determinação no Concílio de Trento, do qual deriva o termo "Tridentina".
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