A freira colombiana Gloria Cecilia Narváez, que passou quatro anos e oito meses sequestrada por radicais muçulmanos no Mali, na África, voltou ao seu país na terça-feira, 16 de novembro. “Embora tenha sido duro e difícil estar neste deserto, acredito que Deus foi muito grande comigo e me deu a oportunidade de continuar vivendo minha missão”, disse ela ao chegar ao aeroporto El Dorado de Bogotá.

 

A Irmã Narváez foi recebida com grande emoção pelas Irmãs Franciscanas de Maria Imaculada, congregação da qual faz parte, e por membros dos Grupos de Ação Unificada pela Liberdade Pessoal (GAULA, na sigla em espanhol), que ajudaram em sua busca.

A freira foi sequestrada em 7 de fevereiro de 2017, em Karangasso, na fronteira do Mali com Burkina Faso, pelo Grupo de Apoio ao Islã e aos Muçulmanos (GSIM, na sigla em inglês), grupo radical muçulmano que se diz ligado à Al-Qaeda

Eles a forçaram a entregar as chaves da ambulância da comunidade onde ela morava. Mais tarde, o veículo foi encontrado abandonado. Três outras irmãs estavam na casa, mas conseguiram escapar. Os sequestradores iam levar a freira mais nova, mas a irmã Gloria se ofereceu para ocupar o lugar dela.

A freira colombiana serviu no Mali por 12 anos antes de seu sequestro. Sua comunidade administra um grande centro de saúde e uma casa para cerca de 30 órfãos.

A freira foi libertada em 9 de outubro e o papa Francisco a recebeu no Vaticano no dia seguinte. Francisco a abençoou antes de presidir a missa na Basílica de São Pedro.

Em sua declaração aos meios de comunicação colombianos ao chegar, a freira agradeceu a Deus por lhe dar forças, à Virgem Maria por tê-la protegido e a todas as pessoas que rezaram por sua libertação.

A Irmã Narváez acrescentou que é “uma emoção muito grande encontrar as irmãs, com todo o meu povo colombiano”, e destacou que todos os dias desenhava “o mapa da Colômbia com seus departamentos e pedia a Deus que abençoasse meu país”.

“Acredito que, se todos os colombianos colocamos nossa fé em Deus, Ele logo alcançará a paz e nossos irmãos sequestrados voltarão à liberdade, para serem instrumentos de paz”, afirmou.

A freira foi para a casa geral das Irmãs Franciscanas de Maria Imaculada, em Bogotá, onde foi recebida com cantos e uma corrente humana feita pelas freiras e fiéis que a esperavam.

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A Irmã Narváez disse às pessoas reunidas que é “uma grande emoção saber que, como são Francisco de Assis, o Senhor me deu o dom de ter irmãos e irmãs” e disse que se sentia acompanhada pela oração de todos.

“Eu vivi esta experiência de fé confiando em Deus”, disse.

A freira comentou que durante seu cativeiro tinha consciência das ações de seus sequestradores, que destruíam cidades, faziam reféns e matavam, e disse que “pedia a Deus que lhes desse a fé que eu tinha e como são Francisco de Assis, repetia para mim, se te baterem, abençoa-os”.

Em sua declaração à mídia internacional, a irmã Narváez afirmou que é “a fé a que sempre nos mantém esperançosos” e destacou que durante o tempo de sequestro “ela pensava em todo o sofrimento que as pessoas passam quando são sequestradas aqui na Colômbia, no mundo inteiro, lá no Mali”.

“Quantas pessoas ainda ficaram e me parecia uma dor muito lamentável, como falar com esses grupos para que eles possam se encher de paz e possam libertar essas pessoas, mas era quase impossível”, destacou.

O Mali está atualmente sob a liderança do coronel Assimi Goita, que liderou dois golpes de Estado em um período de nove meses, derrubando primeiro o presidente democraticamente eleito, Ibrahim Boubacar Keita, em agosto de 2020 e, em maio deste ano, os líderes interinos que fariam a transição a um novo governo eleito.

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Após o golpe de 24 de maio, o tribunal constitucional do Mali nomeou Goita como presidente de transição do Mali até que o país realize eleições.

A medida atraiu críticas, e os líderes católicos do país chamaram-na de "tomada de poder fora do processo legal".

O Mali está lutando contra uma insurgência islâmica que começou no norte do país, em 2012, e se espalhou para Burkina Faso e Níger, com um aumento nos sequestros.

A Agência Fides informou em setembro de 2020 que a mãe da irmã Gloria morreu aos 87 anos enquanto esperava a libertação de sua filha.

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