O papa Francisco aceitou a renúncia de dom Michel Aupetit, arcebispo metropolitano de Paris, França, e nomeou dom Georges Pontier administrador apostólico desta arquidiocese Francesa.

Dom Michel Aupetit pôs seu cargo à disposição do papa Francisco na última sexta-feira, 26 de novembro, depois que foram publicadas acusações contra ele sobre uma suposta relação com uma mulher em 2012. A revista Le Point publicou em 2020 sobre um e-mail de 2012 enviado a uma amiga por dom Aupetit, na época vigário-geral da arquidiocese de Paris.

Em uma comunicação enviada a Le Point, dom Aupetit diz que “quando ele era vigário-geral, uma mulher se apresentava em diferentes ocasiões com visitas, correspondência etc., a tal ponto que às vezes eu tinha que fazer algo para nos distanciar".

“Reconheço, no entanto, que meu comportamento em relação a ela pode ter sido ambíguo, sugerindo assim a existência de uma relação íntima e sexual entre nós, o que nego veementemente”, acrescentou o bispo.

“No início de 2012 informei o meu diretor espiritual e, depois de ter conversado com o então arcebispo de Paris (cardeal André Vingt-Trois), decidi não a ver mais e informá-la. Na primavera de 2020, depois de ter relembrado esta antiga situação com meus vigários gerais, avisei as autoridades da Igreja sobre isso”, explicou o arcebispo.

A revista francesa Famille Chretiènne diz que há queixas no clero de Paris contra dom Aupetit por causa de "uma gestão rígida da diocese, o que explicaria uma série de renúncias recentes em várias instâncias, como a de seus dois vigários gerais nos últimos meses: Padre Alexis Leproux, em dezembro de 2020, e padre Benoist de Sinety, em março de 2021”. Entre as atitudes consideradas rígidas estão o encerramento ordenado por dom Aupetit das atividades voltadas a um público LGBT em uma paróquia de Paris que existia desde a década de 1970, e intervenções numa instituição de “diálogo com a sociedade e outras religiões” que dom Aupetit disse considerar pouco católica.

Dom Aupetit se reuniu com o cardeal Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos, antes de pôr seu cargo à disposição do papa.

“A palavra demissão não é a que utilizei. A demissão significa que eu renuncio ao meu cargo. Na verdade, eu o deixei nas mãos do santo padre porque foi ele quem me deu. Fiz isso para preservar a diocese, porque, como bispo, devo estar a serviço da unidade”, disse o arcebispo ao jornal católico francês La Croix, em 25 de novembro.

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Segundo o jornal 20minutes, a arquidiocese de Paris disse que a apresentação da renúncia “não é uma admissão de culpa, mas um gesto de humildade, um colocar a disposição” e porque dom Aupetit compreendia que poderia “gerar problemas entre os católicos de sua diocese”.

Dom Michel Aupetit é médico e foi ordenado sacerdote em 1995, aos 44 anos.

Tornou-se bispo auxiliar de Paris em 2 de fevereiro de 2013, aos 61 anos. Entre 2014 e o final de 2017 foi bispo de Nanterre. Em 2017, foi nomeado arcebispo de Paris. Como arcebispo, era muito popular entre os fiéis, ainda que criticado pelo clero.

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