Frei Evaldo Xavier Gomes, da Província Carmelitana de Santo Elias, acionou a polícia e o Ministério Público (MP) após a divulgação de fotos que insinuam homossexualismo na internet. O sacerdote é assessor jurídico-canônico da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e comissário pontifício do Mosteiro de São Bento, em São Paulo (SP). As imagens foram divulgadas pelo site Católica Conect e, nelas, o sacerdote aparece junto com outro homem. Segundo a defesa do frei, as fotos “foram submetidas a ilícita e criminosa manipulação”.

Em matéria intitulada “Comissário Pontifício nomeado por Dom Braz de Aviz é pego em orgias”, o site Católica Conect diz que “o PDF com o artigo foi recebido em grupos de WhatsApp, está circulando nos meios católicos”. O site diz acreditar “no acontecido devido às provas em fotos e vídeos que recebemos”.

Frei Evaldo Xavier foi nomeado comissário pontifício do Mosteiro de São Bento, em São Paulo, em março de 2021 pelo prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica da Santa Sé, o cardeal brasileiro dom João Braz de Aviz.  

Depois da publicação, a matéria de Católica Conect foi atualizada com um “Comunicado de Providências Legais”, assinado pelo advogado de frei Evaldo Xavier, Guilherme Coelho Colen.

No comunicado, Colen afirma que frei Evaldo Xavier “foi vítima de covarde ataque contra a honra por meio da publicação de inverdades e divulgação de imagens, as quais foram submetidas a ilícita e criminosa manipulação”. “Na condição de vítima e com amparo nas diversas leis em vigor no Brasil que visam combater as agressões de ódio e as fake news praticadas na internet, ao tomarmos conhecimento dos anônimos e criminosos ataques, a Polícia Civil e o Poder Judiciário foram acionados, com o fim de identificar os criminosos e as demais pessoas que disseminaram as mensagens ilícitas, a fim de atribuir-lhes responsabilidade no âmbito penal e cível”, afirma.

Ainda segundo o comunicado, “uma vez concluídos os procedimentos criminais de investigação, o resultado das apurações será divulgado a todos, na mesma proporção e alcance das ofensas”.

Guilherme Colen disse à ACI Digital que as fotos foram extraídas de forma criminosa por meio de invasão informática e depois manipuladas. Ressaltou ainda que “a própria divulgação das fotos no site é ato criminoso”. Além de acionar a polícia e o Ministério Público, o advogado disse que foi enviada uma notificação extrajudicial ao site, para que o conteúdo seja “retirado imediatamente” do ar.

Na notificação, à qual ACI Digital teve acesso, o advogado afirma que as fotos “foram adquiridas e manipuladas de forma criminosa”. Por isso, diz, “sua divulgação ou reprodução, por qualquer meio, notadamente o virtual, acarretará responsabilidade no âmbito cível e criminal aos seus autores e demais pessoas envolvidas na disseminação ilícita de seu conteúdo”. Reforça ainda que a divulgação das imagens “não foram e não estão autorizadas” e pede “proceder a imediata retirada” de todo conteúdo do site ou de qualquer local, “sob pena do agravamento dos imensuráveis danos morais já sofridos pelo notificante”.

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Por fim, informa que “os atos criminosos são objeto de apuração em inquérito policial civil e demais órgãos estatais, instaurados a fim de identificar a responsabilidade pela prática ou participação nos gravíssimos atos criminosos envolvendo a captura, manipulação e divulgação das imagens”.

ACI Digital também entrou em contato com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da qual frei Evaldo é assessor jurídico-canônico. Segundo a assessoria de imprensa, eles já estão cientes sobre a publicação feita por Católica Conect, mas não há ainda um pronunciamento oficial da conferência.

Frei Evaldo Xavier foi prior provincial da Província Carmelitana de Santo Elias por seis anos, tendo sido eleito em 2014 e reeleito em 2017. A Província abrange os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Tocantins, Rio Grande do Sul e o Distrito Federal.

O carmelita foi nomeado comissário pontifício do Mosteiro de São Bento de São Paulo, que teve seu abade afastado sem que as causas do afastamento tenham se tornadas públicas.

Segundo reportagem do site g1, quatro religiosos do mosteiro estariam sendo investigados por abusos sexuais cometidos entre 2016 e 2018, quando as vítimas ainda eram menores. O crime foi denunciado pelo Ministério Público em junho de 2020, mas o processo foi extinto em primeira instância, por entendimento de que o caso estava prescrito, pois as vítimas não tinham feito a denúncia à polícia no prazo de seis meses, como prevê a lei. O MP recorreu, argumentando que na época dos abusos as vítimas eram menores e, neste caso, a prescrição só começa depois que elas completam 18 anos. A 1ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo aceitou o recurso determinou o prosseguimento da ação penal.

Em nota publicada pelo g1, o Mosteiro de São Bento afirmou estar “em absoluta sintonia e comunhão com a orientação do papa Francisco, ao adotar tolerância zero com relação a possíveis casos de abuso”. Por isso, disse que “acolhe com total disponibilidade e espírito de colaboração o Comissariamento Pontifício (Intervenção Apostólica) para apuração dos casos citados na matéria”.

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