REDAÇÃO CENTRAL, 4 de dez de 2021 às 13:45
“Venenos mundanos nos contaminaram, as ervas daninhas da suspeita aumentaram a distância e deixamos de cultivar a comunhão”, disse o papa Francisco hoje, 4 de dezembro, na sede da arquidiocese ortodoxo de Atenas, Grécia, no encontro com o patriarca, Sua Beatitude Ieronymos II.
Em seu discurso, o Papa disse: “Com vergonha reconheço pela Igreja Católica, ações e escolhas que pouco ou nada têm a ver com Jesus e com o Evangelho, mas marcadas por uma sede de ganho e de poder, fizeram definhar a comunhão. Permitimos que a fertilidade fosse comprometida por divisões. A história tem o seu peso e hoje sinto aqui a necessidade de renovar o pedido de perdão a Deus e aos irmãos pelos erros cometidos por tantos católicos. Porém, a certeza de que nossas raízes são apostólicas e de que, apesar das distorções do tempo, a planta de Deus cresce e frutifica no mesmo Espírito, nos conforta muito”.
“Não tenhamos então medo”, segue o papa, “mas ajudemo-nos uns aos outros a adorar a Deus e a servir ao próximo, sem fazer proselitismo e respeitar plenamente a liberdade dos outros” e “invoquemos o Espírito de comunhão , para que nos impulsione nos seus caminhos e ajude a fundar a comunhão não nos cálculos, nas estratégias e nas conveniências, mas no único modelo a olhar: a Santíssima Trindade ”.
Francisco falou da «fecunda colaboração no campo cultural entre a Apostolikí Diakonía da Igreja da Grécia - cujos representantes tive a alegria de encontrar em 2019 - e o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, como também a importância dos simpósios inter-cristãos, promovidos pela Faculdade de Teologia Ortodoxa da Universidade de Tessalônica junto com a Pontifícia Universidade Antonianum de Roma. São ocasiões que permitiram estabelecer relações cordiais e iniciar intercâmbios úteis entre acadêmicos de nossas confissões. Agradeço também a participação ativa da Igreja Ortodoxa da Grécia na Comissão Conjunta Internacional para o Diálogo Teológico. Que o Espírito nos ajude a prosseguir com sabedoria por estes caminhos!”
As propostas concretas do papa são desenvolver "juntos formas de cooperação na caridade, vamos abrir e colaborar nas questões éticas e sociais para servir as pessoas do nosso tempo e levar-lhes a consolação do Evangelho" e para "trazer a consolação de Deus e curar nossos relacionamentos feridos, precisamos orar uns pelos outros”.
Por fim, Francisco fez uma referência à sinodalidade: “Acabamos de iniciar, como católicos, um itinerário para aprofundar a sinodalidade e sentimos que temos muito a aprender convosco. Desejâmo-lo sinceramente, certos de que, quando os irmãos na fé se aproximam, desce aos corações a consolação do Espírito ”.
Sua Beatitude Ieronymos II, arcebispo de Atenas e de toda a Grécia e primaz da Igreja Autocéfala Ortodoxa da Grécia, nasceu em Oinofyta, Beócia, em 1938 em uma família de etnia albanesa.
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Arqueólogo de formação, foi ordenado diácono e depois sacerdote em 1967, abandonando a carreira acadêmica. Suas iniciativas no campo social também são numerosas. Em 16 de abril de 2016, ele visitou o acampamento de Mórias na ilha de Lesbos junto com o papa Francisco e o patriarca ecumênico Bartolomeu para aumentar a consciência pública sobre o problema dos refugiados. Os três líderes cristãos assinaram uma declaração conjunta. Além de exercer seu ministério pastoral, continuou suas pesquisas sobre a arqueologia cristã com a publicação de livros e numerosos artigos e estudos sobre temas teológicos, sociais e históricos.
Na Sala do Trono da Arquidiocese, onde foi a reunião, está exposto o livro do Evangelho e, antes de se sentar, o arcebispo e o papa o beijaram.
Ieronymos II, em sua saudação, destacou a pandemia: “é necessário que todos nós, líderes cristãos, testemunhemos juntos o que o mundo precisa neste momento” e sublinhou: “a pandemia que nos atingiu não compromete a fé tanto quanto a própria vida do homem”.
Depois, tratou do drama dos refugiados: “Juntos teremos que mover as montanhas, as paredes e a intransigência dos poderosos da terra. Palavras bonitas não são mais suficientes ".
O arcebispo também falou sobre os problemas ambientais, e disse ao papa: “A Igreja de Atenas e todas as suas instituições estarão à sua disposição”. E mais uma vez ele destaca a ameaça da tecnologia digital e, no final, acrescenta que "o caminho comum da Igreja Católica Romana e da Igreja Ortodoxa no primeiro milênio do Cristianismo realmente tem muito a nos ensinar".
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— ACI Digital (@acidigital) December 4, 2021