RIO DE JANEIRO, 13 de dez de 2021 às 15:04
“A gente está rindo, brincando com pessoas que não sofrem por serem quem são. Isso que o Porta sempre tentou fazer, não rir de quem está apanhando, mas de quem está batendo e, ultimamente, o fã-clube de Jesus tem se mostrado bastante perigoso e bastante triste”, disse o comediante Fábio Porchat, do grupo Porta dos Fundos, na entrevista coletiva de lançamento do especial de Natal, “Te Prego lá Fora”.
O especial será lançado no dia 15 de dezembro, no serviço de streaming Paramount+ no Brasil, México, Argentina e Colômbia. O teaser do filme foi lançado no dia 6 de dezembro. O vídeo é um desenho animado dublado pelos comediantes do grupo. Na história, Jesus é um adolescente que precisa se adaptar como aluno novo na Escola Municipal Eva & Adão. Para que não suspeitem que ele é o Messias, adota uma postura de “bad boy”, que consome pornografia e encontra o Pai em um prostíbulo.
Durante coletiva de apresentação do filme à imprensa hoje, 13 de dezembro, Porchat, que é roteirista do especial, afirmou que o Porta dos Fundos “lança vários tipos de conteúdo” durante o ano e “brinca com todas as religiões”. “É claro que, em um país que talvez seja o maior país cristão do mundo em quantidade, as pessoas conhecem as histórias da Bíblia, têm essa referência. A gente ri daquilo que a gente conhece”, declarou.
“Agora, tem muita gente que diz: por que pode brincar com Jesus, mas não pode fazer piada com gay? A gente tem que lembrar que a gente vive em um país que mata gays por eles serem gays. Mas ninguém mata um católico por ele ser católico, um evangélico por ser evangélico”, disse.
Esta não é a primeira vez que o Porta dos Fundos produz conteúdo com as mesmas piadas ofensivas ao cristianismo. O especial de Natal de 2019, “A Primeira Tentação de Cristo”, lançado pela Netflix, mostrou Jesus como homossexual, a Virgem Maria como prostituta e os apóstolos como alcoólatras. A produção foi alvo de ação na Justiça, mas em abril deste ano, a juíza Adriana Sucena Monteiro Jara Moura, da 16ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio, decidiu manter a exibição do filme por considerar que não houve “intolerância religiosa”. Na época do lançamento deste especial, a sede da produtora no Rio de Janeiro sofreu um ataque com coquetel molotov.
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Para Porchat, as críticas ao Porta dos Fundos não têm consequências negativas para suas produções, ao contrário, geram maior interesse. “É engraçado porque as pessoas gostam muito mais de aparecer do que se importar de verdade. Os especiais de Natal ‘A primeira tentação de Cristo’ e ‘Se beber não ceie’ já estão no Youtube e não deu problema nenhum. As pessoas reclamaram e jogaram bomba depois que saiu, mas depois que passou essa maré, está lá e todo mundo está assistindo. Inclusive, estava no Netflix, que é pago, e agora está no Youtube, que é de graça e ninguém mais reclamou”, disse.
“No fim das contas, isso só ajuda a gente, só chama mais atenção para o especial, só chama atenção para nosso conteúdo, só faz com que as pessoas queiram saber o que está acontecendo. Eles não percebem que isso só atrai mais público para gente”, afirmou.
Confira também:
Porta dos Fundos faz, de novo, especial de Natal ofensivo aos cristãos https://t.co/eLhpNgKEZf
— ACI Digital (@acidigital) December 9, 2021