Revertendo uma decisão anterior, o Sínodo dos Bispos publicou um link para um vídeo do grupo católico dissidente pró-LGBT New Ways Ministry (Ministério Novos Caminhos) em seu site. Um funcionário da secretaria geral pediu desculpas ao grupo LGBT depois que o link foi removido na semana passada.

O New Ways Ministry foi fundado em 1977 na arquidiocese de Washington pela irmã Jeannine Gramick e pelo padre Robert Nugent.

Em 1999, a Congregação para a Doutrina da Fé, da Santa Sé, declarou que, devido a erros e ambiguidades na abordagem de Gramick e Nugent, ambos estavam banidos permanentemente de qualquer trabalho pastoral com homossexuais.

A notificação da Congregação, assinada pelo então cardeal Joseph Ratzinger, dizia que suas posições "sobre o mal intrínseco dos atos homossexuais e a desordem objetiva da inclinação homossexual são doutrinariamente inaceitáveis porque não transmitem fielmente o ensino claro e consistente da Igreja Católica nesta área".

Em 2010 o cardeal Francis George, então presidente da Conferência dos Bispo Católicos dos Estados Unidos (USCCB), emitiu uma declaração sobre New Ways Ministry dizendo que a iniciativa "não tem a aprovação ou o reconhecimento da Igreja Católica e que eles não podem falar em nome dos fiéis católicos nos EUA".

No entanto, em um comunicado que apareceu no site do New Ways Ministry nesta segunda-feira, Thierry Bonaventura, gerente de comunicação da Secretaria Geral, se desculpou “por retirar do site um link para o nosso vídeo incentivando as pessoas LGBTQ a participarem nas consultas do Sínodo”. Hoje, 13 de dezembro, o link pode ser visto novamente em synodresources.org.

Em 7 de dezembro, Bonaventura disse à CNA, agência em inglês do grupo ACI, que o link havia sido retirado porque ele soube que em 2010 os bispos dos EUA expressaram sua desaprovação ao grupo LGBT.

Naquele dia, Bonaventura disse que sua "equipe não tinha conhecimento da situação da organização New Ways e do esclarecimento dado pelo presidente da USCCB em 2010".

Ele também disse que o site oficial "synodresources.org" é uma iniciativa da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos para compartilhar recursos entre dioceses, conferências episcopais e organizações católicas oficiais; e que, ao não terminar em “.va”, o domínio de internet da Cidade do Vaticano, “significa que o conteúdo publicado não expressa a opinião da Secretaria Geral do Sínodo ou do Vaticano”.

“Ao mesmo tempo, mesmo que estejamos abertos a receber recursos úteis sem uma censura particular do material, é nosso desejo receber contribuições de organizações oficialmente reconhecidas pela Igreja Católica”, acrescentou então.

No entanto, agora, na declaração que aparece no comunicado de imprensa da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos, Bonaventura disse que a remoção do link foi uma decisão pessoal tomada por "razões de procedimento interno". Ele se desculpou por retirá-lo e disse que isso "causou dor a toda a comunidade LGBTQ, que mais uma vez se sentiu excluída".

O pedido de desculpas intitulado "Caminhar juntos também significa saber se desculpar" foi compartilhado em 12 de dezembro na página do Facebook do polêmico padre jesuíta James Martin, que acredita que um católico pode celebrar o "mês do orgulho gay".

Bonaventura acrescentou que o seu desejo e o de toda a Secretaria Geral do Sínodo “não é excluir aqueles que desejam estar neste processo sinodal com um coração sincero e um espírito de diálogo e verdadeiro discernimento”.

O pedido de desculpas foi “um bom exemplo de verdadeira reconciliação na Igreja”, escreveu no Twitter neste dia 13 de dezembro o padre Martin, autor do livro Building a Bridge, que defende os laços da Igreja Católica com a comunidade LGBT.

A CNA perguntou a Bonaventura em 13 de dezembro por que a decisão inicial foi revertida, mas ele não quis comentar.

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Os recursos do site do Sínodo dos Bispos incluem manuais, vídeos, materiais de formação, webinars e eventos em todo o mundo.

New Ways é apenas um dos quatro grupos categorizados como “organizações informais” apresentados no site, que contém links para um total de 99 recursos até o momento.

New Ways é o único grupo dedicado exclusivamente a pessoas com atrações pelo mesmo sexo.

Um manual publicado pela Santa Sé em setembro exortou as dioceses a incluir "todos os batizados" no processo sinodal, inclusive aqueles que estão à margem da vida da Igreja.

O texto diz que “um cuidado especial deve ser tomado para envolver aquelas pessoas que correm o risco de serem excluídas: mulheres, pessoas com deficiência, refugiados, emigrantes, idosos, pessoas que vivem na pobreza, os católicos que raramente ou nunca praticam a sua fé, etc.”.

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A Santa Sé anunciou em maio que o Sínodo sobre a sinodalidade seria inaugurado em outubro de 2021 om uma fase diocesana.

Uma segunda fase continental ocorrerá de setembro de 2022 até março de 2023.

A terceira fase, a nível mundial, começará com a XVI assembleia geral do Sínodo dos Bispos, sobre o tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”, que será no Vaticano em outubro de 2023.

O site do Sínodo também tem o link para um grupo novo, com sede em uma paróquia católica da arquidiocese de St. Paul e Minneapolis, denominado Discerning Deacons, que afirma que a sua missão é “comprometer católicos no discernimento ativo de nossa Igreja sobre as mulheres e o diaconato”.

O grupo lançará uma iniciativa em janeiro de 2022 para oferecer “formação integral” na primeira fase do Sínodo, especialmente para aqueles que se relacionam com pessoas “que com frequência estão nas periferias de nossas comunidades de fé: jovens e mulheres, negros, indígenas e pessoas de cor, migrantes, vítimas de violência, ex-presidiários, pessoas LGBTQ, junto com companheiros ecumênicos e interreligiosos”.

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