BOGOTÁ, 11 de jan de 2022 às 12:58
Numa entrevista recente, irmã Gloria Narváez, freira colombiana que passou quase cinco anos sequestrada por terroristas muçulmanos, lembrou o importante trabalho que sua comunidade realizou em favor das mulheres na África.
Em declarações feitas à fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), irmã Glória destacou que sua congregação, as Irmãs Franciscanas de Maria Imaculada, está presente no Mali há quase 25 anos, trabalhando pela "promoção da mulher".
“Começamos a trabalhar na alfabetização, porque sabemos que as mulheres lá não têm a oportunidade de ir à escola. Os homens são os que vão à escola, as mulheres para fazer os ofícios, para ir trazer água dos poços, para ir trazer a lenha, para varrer”.
Ao mesmo tempo, disse, a mulher é quem educa e alimenta os filhos.
A irmã Gloria contou que elas atendiam cerca de 18 povoados diferentes e preparavam “metodologias próprias para poder trabalhar com a mulher, ensiná-las a ler e a escrever”.
Quando se aproximavam pela primeira vez das mulheres, destacou, elas estavam "nervosas, trêmulas".
Pouco a pouco as irmãs foram ensinando-as a contar com os dedos das mãos, e chegaram a criar “mercadinhos” nos quais as mulheres dos povoados simulavam comprar e vender produtos.
Aos poucos, ressaltou, aprenderam "a ler, escrever, bordar, costurar".
“Elas faziam seus próprios panos, porque isso é muito típico de lá, um pano bordado onde carregam o bebê atrás”, disse.
Além disso, destacou, “elas mesmas vendiam esses panos, já com isso ajudavam a família financeiramente, educavam os filhos, ajudavam-se mutuamente”.
Elas também implementaram um sistema de microcrédito: "emprestavam cerca de 5 mil francos CFA (US$ 8,6), 10 mil, e pagavam juros de 50, 100 francos”.
"Com esse pouco dinheiro, as mulheres podiam fazer o seu próprio negócio, o seu próprio comércio: plantar saladas, cebolas, tomates, amendoins e vender no mercado", recordou.
A freira destacou que esse trabalho em favor das mulheres ajudou a fazer com que elas sentissem “esse amor por elas, (que) se aceitem assim e, acima de tudo, que se valorizem como mulheres, que não tenham medo de nada, que sejam capazes de trabalhar para fazer as suas próprias coisas e poder se defender, não estar sempre dependendo do marido”.
No Mali, disse a irmã Gloria, a mulher é "muito maltratada" e não pode se expressar livremente. Com o trabalho realizado pelas freiras, destacou, “conseguimos muito em relação a isso, que a mulher se expresse, que a mulher dê as suas opiniões”.
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"Para nós foi uma experiência muito linda com todas as irmãs."
Nos casos de gestantes, destacou, ajudaram a que tenham atendimento de um ginecologista e consultas junto com seus maridos”.
"Eu lhes dizia: Deus fez tudo, Ele é grande e nós, nós não fizemos nada."
Com o tempo, contou, “a mulher já perdeu o medo, agora podia se dar a conhecer. Fazíamos noites culturais onde já se fazia teatro. Tudo isso deu mais campo para que a mulher participe”.
A irmã Gloria Narváez foi sequestrada em 7 de fevereiro de 2017 por homens armados da Frente de Apoio ao Islã e aos Muçulmanos (SGIM), um ramo da Al Qaeda com sede no Mali.
O sequestro ocorreu na área de Karangasso, na fronteira entre Mali e Burkina Faso.
Depois de muitos anos de orações e trabalho por sua liberdade, irmã Gloria foi libertada em 9 de outubro de 2021.
No dia seguinte à sua libertação, o papa Francisco a cumprimentou no Vaticano e depois lhe deu sua bênção, antes de celebrar uma missa na basílica de São Pedro.
Em 17 de novembro de 2021, a freira retornou à sua terra natal, Colômbia.
Confira também:
Freira agradece a Deus por sua libertação após 4 anos de sequestro https://t.co/khMtUAj3st
— ACI Digital (@acidigital) October 19, 2021