ZAGREB, 21 de jan de 2022 às 16:50
Uma parlamentar católica da Croácia rejeitou sua inclusão em um relatório sobre islamofobia na Europa, dizendo que se baseia em “falsas acusações”.
Marijana Petir, membro do Parlamento croata, disse que a referência a ela e a outros no Relatório Europeu de Islamofobia 2020, publicado em 29 de dezembro de 2021, é um “ataque à liberdade de expressão”.
O estudo de 886 páginas, que define islamofobia como “racismo antimuçulmano”, citou Petir, ex-membro do Parlamento Europeu, na seção sobre a Croácia, um dos 31 relatórios sobre países.
“A política e parlamentar independente Marijana Petir, conhecida por sua declaração de 2015 dizendo que os cristãos foram perseguidos por muçulmanos em guerras e que a atual 'crise de refugiados' foi de fato uma tentativa dos muçulmanos de ocupar países europeus predominantemente católicos, incluindo a Croácia, propôs um pacote de 1,5 milhão de HRK de ajuda a cristãos processados por sua fé em países onde militantes islâmicos estão no poder. O governo aceitou a proposta.”
Uma nota de rodapé do relatório cita um artigo sobre um discurso que Petir fez em 2015, publicado na revista semanal croata Nacional em 25 de novembro de 2020.
Petir disse à CNA, agência em inglês do grupo ACI, em 21 de janeiro, que a descrição de seu discurso de 2015, tanto no relatório quanto no artigo, está errada.
“O relatório sobre islamofobia na Europa para 2020 contém uma declaração minha de 2015, que eu nunca fiz”, disse ela. “Então podemos considerar que este relatório é baseado em acusações falsas”
Petir explicou que falou em 2015 em um evento dedicado a repórteres de guerra. “Referindo-me à crise migratória que se espalhou, expressei minha total compreensão e simpatia por aqueles que fogem da guerra e disse que as pessoas cujas vidas estão em risco devem ser ajudadas sem reservas”, lembrou ela.
“Por outro lado, há aqueles que procuram um futuro melhor e é por isso que vão para a Europa, mas infelizmente a Croácia não consegue dar emprego a seus cidadãos, então, quando se fala em migração, deve-se distinguir entre migrantes de guerra e migrantes da economia”.
“A Europa, que é o maior doador de ajuda humanitária e de desenvolvimento, deve direcionar esse dinheiro para projetos em países terceiros que permitirão às pessoas trabalhar e viver com dignidade em casa.”
Ela continuou: “Eu disse que a Europa precisa pensar no seu futuro e na renovação demográfica, porque alguns países já não têm trabalhadores suficientes e esse problema não pode ser resolvido pela migração ilegal”.
“A política europeia de asilo e migração fracassou e precisa ser revista, pois a migração ilegal pode ser um potencial problema de segurança para os cidadãos.”
“Além disso, a Europa e todo o mundo ocidental não fizeram nada para impedir a guerra na Síria e no Iraque, onde terroristas islâmicos estão matando cristãos, o que pode levar ao desaparecimento do cristianismo no berço do cristianismo. Só uns poucos jornalistas falam sobre isso.”
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Petir, um membro independente do parlamento, foi fundamental para persuadir o governo croata a oferecer bolsas de estudos para jovens de países onde os cristãos enfrentam perseguição. Foi primeira vez desde a independência, em 1991, que a Croácia destinou dinheiro para ajudar indivíduos fora da União Europeia perseguidos por sua fé cristã.
Petir disse que não está claro como dar bolsas de estudo a cristãos perseguidos pode ser caracterizado como islamofobia.
“Não damos bolsas de estudo a cristãos apenas porque são cristãos, mas porque são o grupo religioso mais perseguido do mundo, e isso é confirmado por relatórios de organizações internacionais como Aid to Church in Need e Open Doors”, disse ela.
Petir não foi a única pessoa católica mencionada no Relatório Europeu de Islamofobia 2020.
A seção dedicada à Polônia criticou a mídia católica do país e o serviço em polonês da Rádio Vaticano.
“Embora a mídia católica – incluindo a mídia líder como Gość Niedzielny ou a seção polonesa da Rádio Vaticano – continue liderando a publicação de conteúdo islamofóbico, quando se trata de clérigos e hierarquias, eles não são mais tão ativos em fomentar o medo do Islã como eram nos anos anteriores”, diz o relatório.
Em nota de rodapé, o relatório cita dois artigos de Vatican News, o serviço de informações da Santa Sé, em polonês. Um é “Suécia: tensões sociais aumentam, cristãos são impotentes” e o outro “Cristianofobia na Europa aumentou em 2019”.
Petir pôs em dúvida outros aspectos do relatório sobre a Croácia: “Jornalistas que escreveram artigos sobre a crise migratória, reportaram sobre a decisão do governo turco sobre Hagia Sophia ou entrevistaram políticos europeus que falaram sobre radicais islâmicos também foram tachados de islamofóbicos”.
“Esse relatório sobre a islamofobia tenta impedir qualquer pensamento crítico e informação que não tem nada a ver com críticas ao Islã como religião, mas com críticas a grupos terroristas radicais que abusam da religião para seus interesses mesquinhos e, assim, prejudicam a religião a que pertencem”.
Para Petir, “esse relatório é um atentado à liberdade de expressão, feito de forma superficial e maliciosa com o objetivo de rotular as pessoas que ousam dizer a verdade, e contém elementos de cristianofobia.”
Confira também:
Autoridade vaticana critica ONU por defender só o Islã https://t.co/8Ocs5mcpbB
— ACI Digital (@acidigital) March 9, 2021