O papa Francisco fez um apelo pela paz na Ucrânia e convocou um dia de oração pela paz na próxima quarta-feira, 26 de janeiro.

"Acompanho com preocupação as crescentes tensões que ameaçam infligir um novo golpe à paz na Ucrânia e pôr em causa a segurança do continente europeu, com repercussões ainda mais amplas", disse o papa ao final da oração do Ângelus deste domingo, 23 de janeiro.

A tensão entre a Ucrânia e a Rússia cresceu com o deslocamento de 100 mil soldados russos para fronteira com a Ucrânia.

A Ucrânia era, até 1991, uma das repúblicas soviéticas que fazia parte da URSS. Independente, o país busca aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte, aliança militar liderada pelos EUA e integrada pelos países da Europa Ocidental.

A Rússia quer um acordo com a Otan de que a aliança não aceite a entrada de nenhuma ex-república soviética.

Em 2013, manifestações contra o então presidente ucraniano Viktor Yanukovych, que era pró-Rússia, levaram a sua deposição.

A Rússia, então, interveio e anexou em 2014 a península da Crimeia, sede de uma base naval russa no mar Negro, que dá acesso ao Mediterrâneo, e apoiou a independência das regiões de Donetsk e Lugansk, de maioria russa.

Um cessar fogo assinado em 2015 pôs, oficialmente, fim aos combates que deixaram mais de 14 mil mortos. Conflitos armados, no entanto, continuam ocorrendo no Donbass, onde ficam as regiões de Donetsk e Lugansk.

Francisco fez "um forte apelo a todas as pessoas de boa vontade, para que elevem orações a Deus onipotente, para que cada ação e iniciativa política esteja a serviço da fraternidade humana e não de interesses partidários".

“Aqueles que perseguem seus próprios fins em detrimento dos demais desprezam sua própria vocação de seres humanos, porque todos fomos criados irmãos”, alertou o papa.

O presidente do Conselho das Conferências Episcopais Europeias (CCEE) e arcebispo de Vilnius, Lituânia, dom Gintaras Grusas, enviou uma declaração em nome da organização para expressar "sua proximidade com as Igrejas da Ucrânia e todo o seu povo", “neste momento dramático de tensão” que envolve o país.

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O bispo convidou “a comunidade internacional a oferecer seu apoio ao país diante do perigo de uma ofensiva militar russa”, através de “soluções aceitáveis ​​e duradouras” para a crise na Ucrânia, baseadas em “um diálogo sério e não com armas”.

Em várias ocasiões, o papa Francisco expressou sua proximidade com a Ucrânia. Como na oração do Ângelus de 12 de dezembro passado e no discurso que o papa dirigiu ao corpo diplomático acreditado junto à Santa Sé em 1º de janeiro deste ano, no qual o papa se referiu à crise na Ucrânia e pediu a sua resolução através do diálogo e da fraternidade.

A disputa entre Rússia e Ucrânia vem ganhando aparência das disputas geopolíticas da época da Guerra Fria entre EUA e seus aliados contra a URSS e sua esfera de influência. O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Riabkov disse ao canal de televisão RTVI que "não confirma, mas não descarta" a possibilidade de enviar tropas ou mísseis para Cuba e Venezuela.

Os EUA estão mobilizando recursos militares e econômicos em apoio à Ucrânia. O secretário de imprensa do Pentágono, John Kirby, disse que existem cerca de 200 soldados da Guarda Nacional na Ucrânia para treinar e aconselhar as forças locais.

O governo do presidente Joe Biden informou na semana passada ter dado forneceu outros US$ 200 milhões em ajuda militar defensiva à Ucrânia. Segundo a agência de notícias Associated Press (AP), desde 2014, os EUA forneceram à Ucrânia cerca de 2,5 bilhões de dólares em assistência de defesa, incluindo mísseis antitanque e radares.

A secretária de imprensa dos EUA, Jen Psaki, disse em comunicado que “o presidente Biden foi claro com o presidente russo: se alguma força militar russa cruzar a fronteira com a Ucrânia, trata-se de uma invasão renovada e terá uma resposta rápida, severa e unida dos EUA e nossos aliados”, disse AP.

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