SAN FRANCISCO, 24 de jan de 2022 às 12:27
O aborto se tornou um “sacramento sagrado” para o secularismo anticristão de nossos dias, disse dom Salvatore Cordileone, arcebispo de São Francisco, EUA.
Na celebração da missa na catedral de Santa Maria da Assunção pela Caminhada Anual pela Vida da Costa Oeste, realizada em São Francisco, no sábado 22 de janeiro, dom Cordileone disse que o secularismo anticristão “hiperagressivo” já é “uma espécie de religião”, que tem “dogmas infalíveis, rituais, santos, declarações de credo e condenação dos ensinamentos heréticos, junto a castigos para os hereges que os defendem e se atrevem a dizê-los em público”.
Para Cordileone, “esta nova religião imita as religiões pagãs, isto é, demoníacas, do antigo mundo bíblico”.
“A nova religião secular de nosso próprio tempo assume essa prática de maneira quase sacramental: com efeito, o aborto tornou-se, para eles, seu sacramento sagrado, aquilo que consideram mais sagrado, a doutrina e a prática sobre a qual está construído todo o seu sistema de crenças”, disse.
Segundo o arcebispo, “é por isso que vemos uma reação tão visceral e violenta até mesmo à menor regulamentação do aborto na lei, regulamentações que mesmo aqueles que acreditam que deve permanecer sendo legal considerariam plausíveis, como o consentimento informado e o consentimento dos pais”.
"Não deveria surpreender que o primeiro a denunciar a Lei da Batida do Coração do Texas tenha sido o Templo Satânico, alegando precisamente a privação da liberdade religiosa: eles precisam do aborto para realizar seus rituais religiosos", disse.
A Lei da Batida do Coração proíbe o aborto no Texas a partir do momento em que se possa detectar a batida do coração do bebê no ventre da mãe, o que costuma ocorrer na sexta semana de gravidez. A Suprema Corte dos EUA decidiu em setembro passado que lei permanece em vigor durante o processo legal instaurado por abortistas na tentativa de anulá-la.
O arcebispo de São Francisco destacou então que a “reação extrema dos protagonistas desta nova religião” nos dias de hoje se deve ao progresso feito no trabalho de “afirmar a dignidade e a inviolabilidade da vida humana no ventre”.
Depois de agradecer aos defensores da vida que trabalharam arduamente por essas conquistas, dom Cordileone destacou que "estamos, é claro, em um momento muito crucial, pois rezamos com grande esperança por uma decisão da Suprema Corte que respeite este princípio sagrado no caso Dobbs x Jackson Women's Health no Mississippi, que proíbe o aborto após 15 semanas de gestação."
A Suprema Corte deve decidir ainda neste semestre o caso Dobbs x Jackson Women's Health Organization, sobre uma lei do Estado do Mississippi que restringe a maioria dos abortos depois da 15ª semana de gravidez.
Uma decisão favorável à lei pró-vida do Mississippi pode afetar as sentenças de Roe x Wade, de 1973, e Planned Parenthood x Casey de 1992, em que a Suprema Corte reafirmou a primeira decisão e estabeleceu que "um Estado não pode proibir qualquer mulher de tomar a decisão final de interromper sua gravidez antes de sua viabilidade".
Nos EUA, um bebê é considerado "viável" fora do útero por volta das 24 semanas de gestação, embora nos últimos anos os bebês nascidos com cerca de 21 semanas de gestação tenham sobrevivido.
“Mas não vamos pensar que podemos relaxar nossos esforços mesmo com a decisão certa. De qualquer jeito, nossos esforços continuarão", disse ele.
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O arcebispo disse que "o diabo não vai parar até que seja derrotado e definitivamente devolvido ao inferno, quando Nosso Senhor voltar".
"Sempre haverá ataques à dignidade da vida humana, e eles se intensificarão", disse ele.
Como exemplo, dom Cordileone lembrou que Gavin Newsom, governador da Califórnia e membro do Partido Democrata, prometeu transformar seu Estado em um "santuário" para o aborto.
O termo "santuário" para um Estado ou cidade nos EUA geralmente se refere às jurisdições em que as autoridades locais decidem não colaborar com a aplicação de leis federais sobre questões de imigração, buscando evitar a deportação de estrangeiros que entraram ilegalmente para o país.
Isso, disse o bispo, significa que a Califórnia se tornaria "um estado santuário para o assassinato dos inocentes, um estado santuário para a adoração de Moloque”, o deus cananeu ao qual se sacrificavam crianças, de que a Bíblia fala (e.g. Levítico, 20, 2-50. “Continuaremos trabalhando para construir uma cultura da vida, defendendo a vida”, disse Cordileone.
O arcebispo falou da importância de dar “amor e apoio e tudo o que as mulheres grávidas em crise precisem, para que saibam que são valorizadas, respeitadas e que têm amigos caminhando junto com elas nesse momento de angústia, dando a elas a oportunidade de tomar a decisão mais feliz de todas, a decisão da vida”.
O arcebispo de São Francisco também alentou a não esquecer a última Bem-aventurança: “é a Bem-aventurança na qual Nosso Senhor muda da terceira pessoa, “Bem-aventurados os’, à segunda pessoa, ‘Bem-aventurados sereis’, fazendo-a assim muito direta e pessoal”.
"Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim", lembrou o bispo.
Dom Cordileone disse que vivendo esta bem-aventurança "saberemos que teremos motivos para nos alegrar, porque saberemos que estamos agradando a Deus e nos identificando com Seu Filho: ‘Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus’”.
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— ACI Digital (@acidigital) January 24, 2022