Roma, 28 de jan de 2022 às 11:01
O cardeal Jean-Claude Hollerich, que será o relator do Sínodo da Sinodalidade em 2023 disse que as reformas na Igreja Católica são necessarias, mas exigem “uma base estável”.
Em julho do ano passado, o papa Francisco nomeou Hollerich relator geral para a XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, a ser realizada no Vaticano em outubro de 2023.
Em entrevista publicada na edição de fevereiro da revista alemã Herder Korrespondenz, o cardeal Jean-Claude Hollerich, arcebispo de Luxemburgo, foi consultado sobre se poderia contemplar a introdução de diaconisas.
O cardeal de 63 anos respondeu que “eu não teria nada contra isso. Mas as reformas precisam de uma base estável. Se o papa simplesmente permitisse agora viri probati e diaconisas, o risco de cisma seria grande".
“Afinal, não é apenas a situação alemã, onde talvez apenas uma pequena parte se afastasse. Na África ou em países como a França, muitos bispos provavelmente não estariam de acordo”, disse ele.
O cardeal Hollerich disse na entrevista recente concedida a Herder Korrespondenz que o papa Francisco é mal compreendido.
“O papa não tem nada contra os conservadores se eles aprendem com a vida. Da mesma forma, ele não tem nada contra os progressistas se eles levarem em conta toda a Igreja. E o papa não gosta das brigas internas na Igreja”, ressaltou.
“Às vezes tenho a impressão de que os bispos alemães não entendem o papa. O papa não é progressista, ele é radical. A mudança vem da radicalidade do Evangelho”, acrescentou.
O cardeal, que também é presidente da Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia (COMECE), destacou que é necessária uma reforma estrutural na Igreja, mas disse que é preciso consenso.
O cardeal também se referiu à missa tradicional em latim, dizendo que tem um texto “muito bonito”. O cardeal explicou que às vezes usava latim ao celebrar a missa em sua capela particular, mas tinha reservas quanto a fazê-lo em uma paróquia.
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"Sei que as pessoas lá não entendem latim e não posso fazer nada com ele", disse.
“Mas me pediram para fazer um serviço em latim em Antuérpia, Bélgica, no rito atual. Farei isso, mas não celebraria no antigo rito."
O cardeal disse que, como cardeal, ao celebrar a missa tradicional deveria usar uma capa magna, uma túnica com uma longa cauda.
"Eu certamente cairia porque não estou acostumado a andar com uma cauda tão longa", disse ele.
“E acima de tudo, eu ficaria mortalmente envergonhado. O que Cristo diria? É assim que me imagina seguindo-o? Para escorregar envolvido em púrpura? 'Eu disse que aquele que me ama deve tomar sua cruz... e seguir-me, não pegar sua cauda púrpura'”, disse ele.
Para o cardeal, ao se vestir assim, “teria a impressão de estar traindo Cristo. Isso não quer dizer que outras pessoas não podem fazer isso em um bom sentido. Mas eu não posso", disse.
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