Vaticano, 2 de fev de 2022 às 15:14
O papa Francisco se reunirá com uma delegação de indígenas do Canadá na última semana de março, segundo comunicado conjunto da Conferência Canadense dos Bispos Católicos, Assembleia das Primeiras Nações, Conselho Nacional Métis e Inuit Tapiriit Kanatami, organizações de representação dos povos nativos do Canadá.
“Em estreita colaboração com o Vaticano, as novas datas foram confirmadas. O Santo Padre está programado para se reunir com as delegações indígenas durante a semana de 28 de março de 2022. Uma audiência final com todos os participantes ocorrerá na sexta-feira, 1º de abril de 2022”, disse o comunicado de 1º de fevereiro.
A reunião está sendo organizada desde junho de 2021, depois da descoberta de sepulturas indígenas no terreno de antigas escolas residenciais.
O sistema de escolas residenciais do Canadá idealizado pelo governo canadense funcionou da década de 1870 a 1996. As crianças das Primeiras Nações, Inuit e Métis eram separadas de suas famílias e enviadas para escolas estabelecidas pelo governo federal e administradas por católicos e membros de comunidades eclesiais protestantes, para forçar a sua assimilação e afastá-las dos laços familiares e culturais.
A Igreja Católica, ou ordens religiosas católicas, administrava mais de dois terços dessas escolas.
Segundo a Comissão da Verdade e da Reconciliação, organismo canadense criado para investigar os abusos nas escolas, cerca de 4,1 mil a 6 mil estudantes morreram enquanto matriculados nas escolas. A maioria morreu de doenças como gripe e tuberculose.
A delegação pretende que o papa Francisco faça um pedido formal de desculpas formal pelo papel da Igreja no sistema de escolas residenciais do país. Eles também querem a publicação de todos os registros relacionados às escolas residenciais e a devolução de quaisquer itens indígenas canadenses que a Santa Sé possa ter em seus arquivos.
A reunião deveria ter acontecido em dezembro de 2021, mas foi adiada devido ao aumento dos casos de coronavírus.
O comunicado informou que esta viagem pode sofrer alterações caso a situação da covid-19 piore: “Só viajaremos se considerarmos que é seguro fazê-lo”
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“Nas próximas semanas, monitoraremos as condições prévias às datas de viagem revisadas e continuaremos o nosso diálogo com os delegados, os funcionários de saúde pública e as autoridades governamentais e internacionais relevantes”, disse o comunicado.
Além dos bispos, a delegação que vai a Roma incluirá “indígenas anciãos, guardiões do conhecimento, ex-internos das escolas residenciais ainda vivos e jovens”.
Em 2017, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, cobrou do papa Francisco um pedido de desculpas pelo papel da Igreja no sistema escolar governamental do país. Embora o papa não tenha pedido desculpas, ele manifestou sua "tristeza" pelo que ocorreu nas escolas administradas pela Igreja.
No final de outubro, Francisco disse que estaria aberto à ideia de visitar o Canadá. A última vez que um papa viajou ao Canadá foi em 2002, quando são João Paulo II participou da Jornada Mundial da Juventude.
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