A Opus Dei negou qualquer relação com Héctor Valer Pinto, congressista que tomou posse em 1º de fevereiro de 2022 como novo presidente do Conselho de Ministros do Peru, em meio a acusações de violência física contra sua esposa e filha.

Em comunicado divulgado em 3 de fevereiro, a assessoria de imprensa da Opus Dei no Peru afirmou que "o Sr. Héctor Valer Pinto, atual premiê, não é nem foi membro do Opus Dei".

“A Opus Dei é uma instituição da Igreja Católica que promove o encontro com Deus nos diversos âmbitos da vida ordinária, num clima de pluralidade e respeito pelas decisões livres das pessoas”, acrescentou a prelazia pessoal.

Héctor Valer Pinto entrou no Congresso peruano pelo partido político Renovação Popular, depois das eleições presidenciais e parlamentares de abril de 2021.

O candidato à presidência pelo Renovação Popular foi Rafael López Aliaga, membro da Opus Dei que ficou em terceiro lugar.

O vencedor das eleições presidenciais no segundo turno foi o atual presidente Pedro Castillo, do partido Peru Livre, de ideologia marxista e leninista. Castillo e outros membros de seu grupo político foram acusados ​​de ter ligações com o grupo terrorista comunista Sendero Luminoso.

Pouco depois de tomar posse como deputado, Valer Pinto foi expulso do Renovação Popular. Em declarações posteriores à imprensa, apresentando-se como membro da Opus Dei, criticou López Aliaga por ter "perdido o santo terço da Opus Dei".

O presidente Pedro Castillo empossou uma nova equipe de ministros em 1º de janeiro, com Héctor Valer Pinto no comando, em meio à crescente crise política e social que o país enfrenta e depois de ter escapado de um processo de impeachment no Congresso.

A imprensa local divulgou documentos policiais e judiciais de 2016 e 2017 sobre denúncias contra Valer Pinto por agredir sua esposa, Ana Montoya Leo, que morreu em outubro de 2021, e sua filha, Catherine Valer Montoya.

A filha de Valer Pinto relatou ter recebido "tapas, socos, chutes na cara e em várias partes do corpo e puxões de cabelo" do pai.

A juíza Roxana Palacios Yactayo afirmou em uma resolução de fevereiro de 2017 que um exame médico realizado em Ana Montoya Leo mostra "que há indícios de maus-tratos físicos".

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Em declarações colhidas pela rádio peruana RPP, uma ex-vizinha da família disse que o atual presidente do Conselho de Ministros é um "sujeito conflitivo e brigão", e disse que em sua casa "as brigas eram contínuas”.

Entrevistado pelo jornal La República sobre as acusações divulgadas contra ele, Héctor Valer Pinto negou qualquer possibilidade de renunciar ao cargo de presidente do Conselho de Ministros: “Não vou renunciar, porque isso é uma farsa. Não vou desistir diante da tremenda canalhice".

Vários meios de comunicação peruanos e internacionais, como o portal La Mula, o jornal espanhol El País e a agência de notícias Reuters, divulgaram as denúncias contra Valer Pinto, dizendo que ele era membro do Opus Dei.

Horas antes do comunicado oficial da assessoria de imprensa do Opus Dei no Peru, Rafael López Aliaga disse em suas redes sociais que "Héctor Valer não foi e não é parte do Opus Dei" e disse que "foi expulso da bancada da Renovação Popular por deslealdade e falta de respeito constante”.

“Até o dia anterior de receber a credencial de congressista foi leal e defendeu a ideologia e plano de governo do Renovação Popular. Depois, se dobrou à ideologia do Peru Livre”, disse.

"Eu errei ao convidá-lo para se candidatar ao Congresso", disse López Aliaga, afirmando que "na minha opinião, ele busca ter poder e protagonismo".

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