Vaticano, 7 de fev de 2022 às 15:00
O papa Francisco, em sua primeira entrevista a um programa de entrevistas de TV, pediu aos espectadores que não rezam que lhe enviem “bons pensamentos, boas vibrações”.
Francisco falou ao talk-show de horário nobre mais popular da Itália: Che Tempo Che Fa (Como está o tempo) ontem, 6 de fevereiro, à noite.
“Orem por mim, eu preciso disso. E se alguns de vocês não rezam porque não acreditam, não sabem como ou não podem, pelo menos me enviem bons pensamentos, boas vibrações”, disse o Papa Francisco. “Preciso dessa proximidade das pessoas”.
O programa da rede de TV estatal italiana RAI3 teve um pico de audiência de 8,75 milhões de espectadores.
Che Tempo Che Fa costuma transmitir entrevistas ao vivo com políticos, celebridades, artistas e atletas. Entre os convidados recentes do programa estão o ex-presidente dos EUA Barack Obama e a cantora Lady Gaga.
O papa Francisco conversou com o programa de TV, que é feito em Milão, norte da Itália, remotamente do Vaticano.
A entrevista de uma hora cobriu de temas caros ao papa, como proteção ambiental e migrantes, até a infância dele na Argentina.
Respondendo se há alguém que não merece o perdão e a misericórdia de Deus ou o perdão dos homens, o papa respondeu: “Isso é algo que pode chocar alguns: a capacidade de ser perdoado é um direito humano”.
“Deus nos fez livres, somos senhores de nossas decisões e também de tomar decisões erradas”, disse Francisco. “Todos nós temos o direito de ser perdoados se pedirmos perdão. É um direito que vem da própria natureza de Deus e que foi dado como herança aos homens. Esquecemos que quem pede perdão tem o direito de ser perdoado".
Francisco disse ao apresentador de TV Fabio Fazio que não se sentia santo o suficiente para morar no Palácio Apostólico.
“Essa é uma das razões pelas quais eu escolhi não morar no apartamento papal, porque os papas que estavam lá antes eram santos, e eu não poderia ter feito isso. Eu não sou tão santo”, disse ele. “Preciso de relações humanas – por isso moro no hotel Santa Marta, onde tem gente que conversa com todo mundo, encontra amigos. É uma vida mais fácil para mim.”
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Durante a entrevista, o papa fez um apelo para acabar com a produção e venda de armas: “Pense que em um ano sem fazer armas, você poderia dar comida e educação para o mundo inteiro de graça”.
“Vemos como as economias são mobilizadas e o mais importante hoje é a guerra: guerra ideológica, de poder, guerra comercial e muitas fábricas de armas”, disse ele. “A guerra é sempre destruição”.
Quando Fazio perguntou ao papa por que os inocentes sofrem, o papa Francisco disse que ele próprio fica escandalizado diante do sofrimento das crianças.
“‘Por que as crianças sofrem?’ Não encontro explicação para isso. Tenho fé, procuro amar a Deus que é meu Pai, mas me pergunto: 'Mas por que as crianças sofrem?”
“Talvez seja um mistério que não entendemos bem, mas na relação de Deus Pai com seu Filho, podemos ver bem o que está no coração de Deus quando essas coisas acontecem. Deus é forte, ele é onipotente no amor”, disse ele, referindo-se ao fato de que Deus deixou seu próprio Filho morrer na cruz.
“E quando esta tentação vem a você: Por que as crianças sofrem? Eu só encontro um caminho: sofrer com elas. E para mim, Dostoiévski foi um grande professor nisso”, disse Francisco, referindo-se ao escritor russo Fiódor Dostoiévski (1821-1881), autor de Crime e Castigo e Os Irmãos Karamazov.
Ao falar para a audiência da TV, o papa disse que ele próprio não assiste TV. “Sim, eu não assisto televisão. Não é porque eu condeno, mas é uma decisão que tomei pelo Senhor quando Ele me pediu”, disse Francisco.
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— ACI Digital (@acidigital) January 11, 2021