MUNIQUE, 22 de fev de 2022 às 12:15
A Conferência Episcopal Alemã e as dioceses abrem vagas de emprego para trabalhadores que se identificam como homens, mulheres ou “diversos”: m/f/d, por “männlich/weiblich/divers”.
Os bispos alemães submetem-se assim a um regulamento em vigor no país desde 1º de janeiro de 2019 que exige que os empregadores sejam “inclusivos” nos seus anúncios de emprego.
No dia 9 de fevereiro deste ano, a arquidiocese de Munique, à frente da qual está o arcebispo Reinhard cardeal Marx, anunciou que está procurando um “trabalhador comunitário (m/f/d) para a comunidade de língua espanhola em Munique.
Essa pessoa, que poderia ser transexual, teria entre suas “principais tarefas” o “apoio pastoral e espiritual a indivíduos e grupos em diversas situações e fases da vida”.
Ela também teria que se encarregar de "serviços pastorais básicos da Igreja", como "visitas às famílias, visitas aos doentes, assistência social".
Entre outras funções que podem caber a uma pessoa que se identifica como “diversa” na arquidiocese do cardeal Marx estão “trabalhar com os jovens” e a “preparação para receber os sacramentos”.
Segundo dados oficiais, a missão católica de língua espanhola reúne mais de 15 mil fiéis em Munique, embora haja estimativas de que o número real de membros possa ser o dobro.
O cardeal Marx foi presidente da Conferência Episcopal Alemã entre 2014 e 2020 e atualmente é membro do conselho de cardeais que assessora o papa Francisco na reforma da Cúria Romana.
A própria conferência episcopal considerou a contratação de uma pessoa de sexualidade “diversa” para secretário-geral, em anúncio feito em agosto de 2020, para suceder o padre jesuíta Hans Langendörfer, mas a teóloga Beate Gilles acabou sendo nomeada.
Em artigo publicado originalmente na agência de notícias católica alemã KNA, e republicado no site da Conferência Episcopal Alemã, admite-se o risco de que a Igreja no país termine por aceitar a categoria “diverso” em documentos eclesiais como a certidão de batismo. "Para o batismo, a categoria ‘diverso’ não é basicamente um obstáculo”, defende o artigo, porque a “Igreja sempre foi generosa”.
O artigo também diz que nos contratos de trabalho, “segundo especialistas”, não seria “decisivo o gênero, mas o trabalho adequado e o cumprimento dos deveres de lealdade à Igreja”.
O texto admite que poderiam surgir problemas quando as pessoas que se identificam como sexualmente “diversas” queiram se casar, em contradição com o ensinamento da Igreja Católica sobre o matrimônio.
No Caminho Sinodal Alemão, processo de discuszão para reforma da Igreja na Alemanha, há uma integrante que se identifica como “não-binária”, ou seja, nem homem nem mulher: Mara Klein.
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O Caminho Sinodal Alemão reúne bispos e leigos da Alemanha para discutir a forma como o poder é exercido na Igreja, a moralidade sexual, o sacerdócio e o papel das mulheres.
Em janeiro deste ano, um grupo de padres, leigos e funcionários de vários níveis da Igreja na Alemanha lançou a campanha pró-gay "#OutInChurch—Por uma igreja sem medo"—, que pede mudança do que descreve como expressões "difamatórias e obsoletas" da doutrina católica.
A campanha, que recebeu o apoio de vários bispos alemães, também quer bênçãos e "acesso aos sacramentos" para uniões de pessoas do mesmo sexo.
O que a Igreja ensina sobre a homossexualidade
O Caminho Sinodal Alemão aprovou, neste mês, uma moção pedindo que se modifique o que o Catecismo da Igreja Católica ensina sobre homossexualidade. A doutrina está resumida nos três artigos seguintes do Catecismo da Igreja Católica:
2357 A homossexualidade designa as relações entre homens ou mulheres, que experimentam uma atração sexual exclusiva ou predominante para pessoas do mesmo sexo. Tem-se revestido de formas muito variadas, através dos séculos e das culturas. A sua gênese psíquica continua em grande parte por explicar. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves a Tradição sempre declarou que «os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados». São contrários à lei natural, fecham o ato sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afetiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados.
2358. Um número considerável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente radicadas. Esta propensão, objetivamente desordenada, constitui, para a maior parte deles, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar devido à sua condição.
2359. As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes do autodomínio, educadoras da liberdade interior, e, às vezes, pelo apoio duma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem aproximar-se, gradual e resolutamente, da perfeição cristã.
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— ACI Digital (@acidigital) May 18, 2021