O presidente da Conferência Episcopal Alemã pediu mudanças radicais na doutrina da Igreja sobre sexo fora do casamento e sobre homossexualidade. Em entrevista à revista alemã Bunte publicada hoje (4), o bispo de Limburg, Georg Bätzing, presidente da conferência, concordou com a afirmação do jornalista de que "ninguém" aderiu à doutrina da Igreja de que o sexo só não é pecado dentro do casamento. "Isso é verdade e nós temos que mudar um pouco o Catecismo nesse assunto. A sexualidade é um dom de Deus, não um pecado."

 Respondendo se as relações entre pessoas do mesmo sexo eram permitidas, o bispo disse: "Sim, tudo bem se for feito com fidelidade e responsabilidade. Não afeta o relacionamento com Deus". Bätzing acrescentou: “O modo como alguém vive sua intimidade pessoal não é da minha conta”. E ninguém deve ter medo de perder o emprego na Igreja por causa disso, disse ele. Depois do Estado, a Igreja é o maior empregador da Alemanha.

O teólogo alemão Martin Brüske criticou duramente as afirmações de Bätzing em uma entrevista à CNA Deutsch, agência alemã do grupo ACI: "O argumento do bispo Georg Bätzing aqui é insidioso. Ele está insinuando que o Catecismo e, portanto, a tradição da Igreja, de alguma forma diz que a sexualidade é pecado. O que eu gostaria de saber dele é o seguinte: onde ele encontra essa afirmação no Catecismo ou na tradição da Igreja?"

A Igreja sempre rejeitou essa visão como errônea, disse Brüske. “Ao contrastar essa afirmação falsa com sua segunda afirmação, de que a sexualidade é, sem restrições, um dom de Deus, toda o tema fica removido da reflexão ética. Segundo essa lógica, não há mais necessidade de esclarecer ou discernir como a sexualidade é praticada. Não se faz mais nenhuma distinção quanto ao comportamento sexual que serve a si mesmo ou expressa apropriação mútua."

Brüske enfatizou que a doutrina moral da Igreja ordenou a sexualidade para o amor conjugal entre um homem e uma mulher. O Catecismo diz, no número 2.361: A sexualidade, mediante a qual o homem e a mulher se dão um ao outro com os atos próprios e exclusivos dos esposos, não é algo de puramente biológico, mas diz respeito à pessoa humana como tal, no que ela tem de mais íntimo. Esta só se realiza de maneira verdadeiramente humana se for parte integrante do amor com o qual homem e mulher se comprometem totalmente um para com o outro até à morte”.

Brüske pensa que, ao abandonar o casamento sacramental como lugar exclusivo da sexualidade entre homem e mulher, a orientação para o Evangelho também é abandonada, e substituída por uma orientação da cultura contemporânea. "Os abismos da cultura contemporânea são completamente ignorados, em particular o que eu chamaria de sua sociologia do desejo, na qual as pessoas são frequentemente violadas na área de sua sexualidade", disse o teólogo.

Brüske, que é professor de ética na Suíça, disse que o cristianismo primitivo, com sua orientação para Jesus, constituiu uma cultura radicalmente contrária à cultura de sua época.

“Precisamente por isso, era atraente e ajudava as pessoas feridas a encontrar a cura”.

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O bispo Bätzing aparentemente não vê isso, disse Brüske à CNA Deutsch. "Ele é obviamente cego tanto para as origens quanto para o nosso presente. Isso me deixa triste e perplexo. E também um pouco irritado. Porque não se pode aceitar, na verdade, tanta ingenuidade."

 Na entrevista à Bunte, Bätzing também se manifestou a favor da abolição do celibato sacerdotal, e da ordenação de mulheres.

Para Brüske, em vez de desempenhar o papel de um moderador, “o presidente da Conferência Episcopal Alemã identifica-se sem reservas com as exigências de uma revisão total da moralidade sexual da Igreja, a abolição do celibato, a ordenação de mulheres”.

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