BOGOTÁ, 7 de mar de 2022 às 14:21
O mosteiro de São José, em Buga, Colômbia, foi reaberto e abençoado em fevereiro, 22 anos depois que as 19 carmelitas descalças que nele moravam foram obrigadas a sair por causa da violência política do país.
Uma das freiras contou ao jornal local El País o que aconteceu no final de 1999. “Lembro que uma noite fomos acordadas por um barulho estranho que nem sequer reconhecíamos. Eram as balas que cruzavam em torno do convento, e isso nos fez passar horas terríveis”.
As proximidades do mosteiro se tornaram o esconderijo dos marginais, que estavam sendo procurados pelas autoridades por meio de helicópteros.
“Eles nunca nos ameaçaram diretamente. Eles só nos avisaram para fechar as portas e janelas, pois não fariam nada conosco. No entanto, nos sentíamos no meio do fogo”, disse a freira.
Em 11 de fevereiro de 2022 foi inaugurado oficialmente o novo mosteiro Carmelo de São José, com uma cerimônia celebrada pelo bispo de Buga, dom José Roberto Ospina Leongómez.
Hoje o mosteiro foi confiado aos Carmelitas Contemplativos, uma comunidade masculina cujos pilares são a contemplação de Jesus na eucaristia e a consolação.
Padre Mauricio dos Corações de Jesus e de Maria, superior dos Carmelitas Contemplativos de Buga, disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que o mosteiro é a primeira casa da comunidade depois da "casa mãe" localizada em Girardota, departamento de Antioquia.
“Para nós é uma grande alegria que gerou muita expectativa, pois é um novo passo para todos nós. Não sabíamos como dá-lo, simplesmente ouvimos a voz do Senhor e nos deixamos guiar. É um momento muito especial ter aberto um novo sacrário, um novo lugar de adoração para o mundo”, disse na entrevista.
Padre Mauricio contou que o mosteiro foi construído na década de 1980 graças a uma doação do benfeitor Francisco Azcárate para os Carmelitas Descalços.
“As freiras viveram aqui por muito tempo, porém, no contexto de violência que a Colômbia experimentou durante o tempo das guerrilhas e dos paramilitares, as irmãs foram obrigadas a deixar o mosteiro no ano 2000”, disse.
Padre Mauricio disse à ACI Prensa que “graças a Deus, a Colômbia viveu muitos momentos de acordos de paz e desarmamento de vários grupos nos últimos anos” e que o país “está diferente agora e graças à misericórdia de Deus vários lugares estão se recuperando”.
O padre também disse que o mosteiro de Buga passou por grandes reformas.
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“A comunidade veio alguns dias antes da inauguração e nos alojamos aqui no mosteiro para fazer um trabalho constante de pintura, restauração, decoração do lugar e manutenções gerais”, disse.
O padre Maurício contou que a reabertura do mosteiro permite à comunidade "ter um novo local de culto". “Teresa de Jesus, nossa mãe inspiradora, vibrava com a ideia de abrir novos sacrários no mundo e esse sentimento nos contagiou”.
“Para nós, ver um sacrário em funcionamento e ao qual os fiéis podem ir não tem preço. Este é um presente muito grande para a diocese, porque tem um lugar para padres e freiras onde podem descansar e confortar suas almas no coração de Jesus”, disse ele à ACI Prensa.
Sobre o futuro, o padre Maurício falou que querem “seguir nosso carisma, vivendo a vida contemplativa a partir da espiritualidade do carmelo e podendo acompanhar as pessoas na consolação, através do acolhimento”.
Atualmente, a comunidade dos Carmelitas Contemplativos de Buga é composta por seis religiosos, que vêm fazendo jornadas de reconstrução e restauração do mosteiro.
“Além disso, combinamos o trabalho físico com nossa vida contemplativa. Temos as orações litúrgicas, rezamos todo o Ofício, temos duas horas de meditação por dia, nossos momentos de leitura”, acrescentou o padre Mauricio.
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