Ao terminar sua 82º Assembléia Ordinária –realizada de  7 a 12 de julho–, os bispos venezuelanos publicaram um documento no qual fazem um enérgico chamado a participar do próximo referendo de 15 de agosto como um dever inadiável de consciência e responsabilidade”.

No texto –intitulado “Referendo, consciência e responsabilidade”–, os prelados exortaram os cidadãos a exercer seu direito eleitoral e a “pronunciar-se explicitamente sobre a gestão do presidente da República e de seu modelo de governo”.

Os bispos expressaram que o propósito da mensagem é “compartilhar as preocupações do momento” e oferecer uma visão da realidade “livre de todo compromisso com parcialidades políticas” mas inspirada na obrigação  cívica, moral e cristã de refletir sobre o acontecimento.

“O referendo é um direito, não uma dádiva. Não deve ser concebido como uma guerra para acabar com o adversário, mas como oportunidade para avaliar uma gestão de governo”, afirmaram os prelados.

Do mesmo modo, os bispos pediram ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) que facilite a organização do referendo revogatório “sem exigir excessivos requisitos  que impeçam ou retardem sua realização” pois os resultados só serão totalmente aceitos “se o CNE contribuir para dissipar as sombras e as dúvidas, chegando a um acordo razoável e ético com os agentes”.

O CNE –acrescenta a mensagem– “deve rejeitar qualquer tentação de coação ou fraude, que significaria uma violação à dignidade civil e poderia provocar impugnações, rechaços e inclusive um desenlace violento”.

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O documento faz um chamado aos líderes políticos para que empreguem uma linguagem de altura, evitem “confrontos” e “se abstenham de toda manipulação política e ideológica, agindo conforme a verdade”; e solicita o Plano República “apoiar com imparcialidade e eficiência profissional o processo do referendo, oferecendo aos participantes seguridade e confiança, sem intrometer-se de tarefas que não de sua  competência”.

Por outro lado, os prelados se dirigiram aos meios de comunicação lembrando-lhes sua missão de “transmitir a informação com objetividade, veracidade e eqüidade”; e pediram aos observadores internacionais “continuar dando seu apoio”.

O Arcebispo de Cumaná, Dom Diego Padrón, esclareceu que “a Igreja não está em campanha” e precisou que “além de uma saída eleitoral à presente crise, é absolutamente necessário chegar a um acordo de governabilidade entre todos os venezuelanos, sem que ninguém fique excluído por ideologia ou opção política”.

O Prelado lembrou que independentemente da resposta que o Governo ofereça ao comunicado, a intenção da Igreja é “uma contribuição para sair da crise” e um chamado à participação.

“Apoiamos algumas coisas boas para o povo,  como, por exemplo, a ajuda que se dá através das missões. Tem aspectos positivos e esperamos que não seja espasmódica, mas que se estabeleça”, afirmou o Arcebispo e acrescentou que “não estamos fechados a conversações. A Igreja não está influenciada por nenhum parcialidade. Nossa palavra é de pastores que querem iluminar a situação em nível cristão e de fé”.