Gabriel Boric participou de um rito pagão no palácio presidencial de La Moneda acompanhado pela primeira-dama e ativista feminista, Irina Karamanos, e de todo seu gabinete, no sábado (12) um dia depois de sua posse.

Boric afirmou em várias ocasiões que o Chile é um estado laico para defender posições contrárias à doutrina da Igreja Católica, majoritária no país, mas levou uma celebração religiosa para dentro do palácio presidencial.

A proposta de governo de Boric, de Frente Amplio e do Partido Comunista, promete a incorporação de uma perspectiva feminista transversal, a implementação de políticas como "aborto legal, livre, seguro e gratuito" e modificações na lei de identidade de gênero, entre outras ideias.

Imagens compartilhadas pela presidência do Chile mostram Boric e Karamanos ajoelhados e fazendo atos de oferenda em uma cerimônia liderada por representantes dos chamados povos nativos chilenos.

Segundo a imprensa da presidência, foi “uma oração ecumênica” na qual participaram “representantes dos povos yagán, lican antai, mapuche pewenche, rapa nui, mapuche lafkenche, diaguita, füta warria e collaque rezaram pelo sucesso e boa sorte do governo cidadão”.

“Busca-se começar por meio de uma cerimônia em que os diversos povos indígenas, por meio de sábias, sábios, representantes e autoridades ancestrais, dirigem e entregam saudações, mensagens, orações e felicitações por meio de palavras e/ou elementos simbólicos, ao presidente como um veículo do novo começo”, acrescenta.

No mesmo sábado (12), o novo presidente participou nas primeiras horas da manhã da tradicional "Solene Oração Ecumênica pelo povo do Chile" na catedral metropolitana de Santiago e que foi dirigida pelo arcebispo de Santiago, cardeal Celestino Aós.

O evento contou com a presença de autoridades dos três poderes do Estado e da Convenção Constitucional, e representantes de diferentes confissões religiosas.

O arcebispo de Santiago disse em sua liturgia que todos "pertencemos a Deus e não ao Estado".

“Deus nos deu direitos que o Estado deve reconhecer e respeitar. Homens e mulheres iguais em direitos, deveres e dignidade; e Deus nos chamou e nos chama hoje para viver entre irmãos, entre nós”, lembrou.

Em seguida, o arcebispo exortou o presidente: “Hoje, especialmente hoje, pedimos por você, senhor presidente; pedimos por vocês, autoridades e governantes, legisladores e juízes, como Salomão pediu: que Deus ilumine suas mentes para que saibam o que é bom e o que é mau, o que é justo e o que é injusto. E para que possam trabalhar para alcançá-lo e unir suas vontades em projetos e causas comuns”.

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Para fazer seu plano de governo, Gabriel Boric terá que negociar com um Senado formado por 50 membros em 2022, cujas forças políticas de direita são ligeiramente superiores às de esquerda. Na Câmara, 44% dos 155 deputados pertencem a partidos de direita. Os outros são de partidos esquerdistas e de outros partidos.

Boric é solteiro, mas atualmente está em um relacionamento com Irina Karamanos, a atual primeira-dama. Karamanos é uma antropóloga, socióloga, cientista política e ativista feminista chilena que participou de marchas a favor do aborto, usando o lenço verde.

O presidente chileno estudou Direito na Universidade do Chile, mas ainda não se formou.

Sendo presidente do Centro Estudantil da Faculdade de Direito, liderou a tomada de um dos prédios da universidade para exigir a saída do reitor da época.

Foi em 2011 quando se tornou porta-voz da Confederação de Estudantes do Chile no chamado "movimento estudantil", no qual milhares de jovens saíram às ruas exigindo uma reforma na educação.

Boric está em seu segundo mandato como deputado e na revolta social de 2019 assinou o "Acordo pela Paz" para acolher os pedidos dos cidadãos quanto à falta de políticas públicas que permitam maior dignidade e que hoje se traduz na Convenção Constitucional para propor uma nova Constituição para o Chile.

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