Trata-se de uma antiga tradição “que vem passando de geração em geração”, disse o coordenador da procissão, Rogerio Laureano. Ele ressaltou que “não é simplesmente interpretar a Paixão de Jesus, não é vivenciar uma peça de teatro, mas fazer disso um ato de fé muito forte”.

No sábado, 2 de abril, acontecerá a procissão do carregador, quando a imagem do Senhor dos Passos e outra de Nossa Senhora das Dores serão transladadas da capela Menino de Deus, do Hospital da Caridade, para a catedral metropolitana de Florianópolis. No domingo, 3, acontecerá a procissão do encontro. Em frente à catedral, haverá o sermão do encontro e, em seguida, as imagens retornam para a capela Menino Deus. A programação conta ainda com missas e momentos de oração na semana anterior, começando no dia 27 de março.

Neste ano, a procissão chega à sua 256ª edição. A primeira aconteceu em 1766, dois anos depois da chegada da imagem do Senhor dos Passos, que é atribuída ao escultor baiano Francisco das Chagas.

A imagem representa a primeira queda de Jesus a caminho do Calvário. Em tamanho natural, tem o joelho esquerdo apoiado no chão e as mãos seguram a cruz amparada no ombro esquerdo. A túnica de tecido roxo decorada com bordados dourados deixa a mostra os pés do Senhor dos Passos. No rosto escorrem suor e sangue, provocados pela coroa de espinhos.

Em 1764, a imagem do Senhor dos Passos estava sendo levada de barco da Bahia para a cidade de Rio Grande (RS). O barco fez uma escala para abastecimento na então Vila de Nossa Senhora do Desterro, atualmente Florianópolis. Após três tentativas frustradas de seguir viagem para Rio Grande, devido às fortes tempestades, a tripulação tomou como sinal divino de que a imagem deveria permanecer na cidade.

No ano seguinte, 1765, foi criada a Irmandade do Senhor Jesus dos Passos, para proteger a imagem e cultuar seu padroeiro. Em 1766, aconteceu a primeira procissão. Até hoje, a Irmandade é responsável pela procissão que, com o passar dos anos, foi atraindo cada vez mais pessoas. Em 2018, a procissão foi reconhecida como Patrimônio Cultural do Brasil. “É o mais antigo e maior evento religioso do Estado [de Santa Catarina]. Teve momentos que chegamos a ter até 70 mil pessoas”, contou Laureno.

A vice-provedora da Irmandade do Senhor Jesus dos Passos, Rita Peruchi, afirmou que há uma expectativa de cerca de 40 mil participantes para este ano e contam com a presença dos jovens “para manter esta tradição tão importante de fé e religiosidade. A cada ano, vemos mais envolvimento dos jovens na procissão”.

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Segundo Laureano, nos 256 anos de história, 2020 e 2021 foram as duas únicas ocasiões em que não foi possível realizar a procissão. “Buscamos fazer diferente, com celebrações virtuais. Mas, claro que não é a mesma coisa”, disse. Para ele, é “emocionante poder organizar e vivenciar esse retorno da procissão às ruas, pois vamos não só por ser uma tradição, mas por sermos católicos e querermos imitar os passos de Jesus”.

Para Rita Peruchi, a procissão deste ano será “da esperança”. Segundo ela, no atual contexto em que o mundo vive “com a pandemia e a guerra na Ucrânia”, “estamos levando a fé e a gratidão desse povo ao Senhor dos Passos pelas ruas de Florianópolis”.

A programação completa da Procissão do Senhor dos Passos pode ser vista AQUI.

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