LAHORE, 25 de mar de 2022 às 16:23
Na quarta-feira, 23 de março, Martha e David, católicos e pais de 3 filhos contaram o seu testemunho de fé durante a perseguição religiosa dos extremistas muçulmanos no Paquistão, seu país natal.
Martha e David deram seu testemunho na Noite das Testemunhas, um encontro de oração organizado pela fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) e que aconteceu na catedral de Almudena, em Madri, liderado pelo arcebispo da capital espanhola, cardeal Carlos Osoro.
“Nossa vida material no Paquistão era muito boa, mas nossa fé estava cada vez mais ameaçada. Para nós, o mais importante é a nossa fé e por ela renunciamos a tudo”, disse Martha ao dar seu testemunho no encontro do qual também participou a irmã colombiana Gloria Cecilia Narváez, sequestrada no Mali por quase cinco anos.
Martha explicou que seu nome e o de seu marido “são cristãos, mas os de nossos filhos não são, para evitar problemas”. Mesmo assim, tiveram que enfrentar, ameaças de morte, acusações de blasfêmia contra o Islã e pressão para se converter ao islã.
“Eu era ativista de uma ONG de direitos humanos e meu marido tinha um alto cargo em uma empresa. Seus colegas muçulmanos estavam com ciúmes, eles não gostavam de um cristão sendo seu chefe", explicou a mulher.
“Telefonavam para fazer ameaças. Nós denunciamos isso, mas ninguém estava disposto a ouvir. Os extremistas islâmicos são muito fortes. Os cristãos enfrentam uma injustiça extrema”.
Martha disse que quando o Paquistão sancionou “a lei da blasfêmia, foi muito mais fácil para os muçulmanos acusarem os cristãos. Essa lei é muito usada para acertar contas pessoais, brigas, problemas financeiros e de propriedade. Eles me acusaram de querer converter colegas de trabalho ao cristianismo”.
O Código Penal no Paquistão inclui uma série de regulamentos, geralmente conhecidos como "lei da blasfêmia" que, inspiradas na lei islâmica, ou sharia, condenam qualquer ofensa ou crítica ao islã.
A blasfêmia pode ser denunciada por qualquer muçulmano sem testemunhas ou provas. As punições podem variar de prisão a pena de morte.
Martha disse que "meu marido foi parado no carro sob a mira de uma arma dizendo-lhe para deixar o emprego ou se converter ao islã. Nossos filhos deixaram de ir à escola para não serem sequestrados. Ficamos trancados em casa por várias semanas por medo. Tínhamos a esperança de que Deus nos ajudaria a encontrar uma saída para esta situação”.
"Batemos na porta de todo mundo: conversamos com as autoridades da Igreja, o presidente da empresa onde meu marido trabalhava, pessoas influentes, mas ninguém fazia nada contra os extremistas".
Por causa da perseguição e da situação difícil, finalmente decidiram fugir do país "para conseguir um futuro para nossos filhos" e chegaram à Espanha há três anos.
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“Hoje há muitos cristãos que enfrentam uma perseguição muito forte, mas não podem sair do país por falta de recursos”, disse Martha. "Há meninas menores de idade, sequestradas e casadas à força, submetidas a estupro".
“Tivemos a sorte de poder fugir e estamos em um lugar seguro com liberdade de expressão e religião. Rezem pelos cristãos que enfrentam tempos difíceis. Os cristãos têm um problema real”, disse.
Ao começar a Noite das Testemunhas, o diretor da ACN Espanha, Javier Menéndez, disse que "nos reunimos para ouvir e queremos ouvir Deus, mais do que nunca, que vai falar conosco através de dois testemunhos poderosos de perseguição que vamos mostrar do Paquistão e do Mali”.
“São testemunhos cheios de força, coragem, fidelidade à fé em Cristo Jesus. E são também testemunhos de perdão, sem o qual a cruz não seria compreendida. Quanta necessidade temos, sobretudo nestes momentos, de escutar o eloquente silêncio de Deus”.
“Também queremos prestar homenagem, como chamas autênticas de nossa fé, a todos os cristãos que deram suas vidas em nome de Cristo no ano passado”, disse Menéndez.
"Deus nosso Pai não se esquece deles e os recompensará com a vida eterna", acrescentou.
No evento, foi venerada uma cruz profanada na Planície de Nínive (Iraque), uma família ucraniana rezou pelo fim da guerra na Ucrânia e foram lembrados alguns padres mortos em países como Haiti, Nigéria, Burkina Faso e Filipinas em 2021.
Também foi prestada homenagem a 35 cristãos que foram queimados em 24 de dezembro de 2021 em Mianmar
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— ACI Digital (@acidigital) March 25, 2022