Durante a sua viagem apostólica a Malta, o papa Francisco rezou hoje (2) no santuário de Nossa Senhora de Ta' Pinu, que fica na ilha de Gozo, e encorajou "a voltar ao coração e redescobrir o centro da fé" que é "a relação com Jesus e o anúncio do seu Evangelho ao mundo inteiro”.

O papa viajou de barco (um “catamarã” chamado “Maria das Dores”) de Malta ao porto de Mgarr em Gozo acompanhado por sua comitiva.

Depois, o papa viajou em carro fechado e fez a última parte do trajeto em papamóvel para saudar os muitos fiéis da ilha.

Ao chegar ao santuário mariano de Ta' Pinu, o papa foi recebido pelo reitor, padre Gerald Buhagiar; pelo arcebispo de Malta, dom Charles Scicluna; pelo bispo de Gozo, dom Anthony Teuma, e estava acompanhado pelo secretário-geral do Sínodo e bispo emérito de Gozo, cardeal Mario Grech.

Segundo relataram os organizadores da visita à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, havia cerca de 200 pessoas dentro da igreja, incluindo numerosos doentes e deficientes, que receberam a bênção do papa.

Além disso, no átrio havia mais de 2 mil pessoas sentadas e outras que ficaram em pé no entorno.

Oração silenciosa do papa

O papa Francisco rezou em privado na capela que abriga a pintura de Nossa Senhora de Ta' Pinu, que representa a Assunção da Virgem Maria.

 

Em seguida, o papa Francisco entregou uma rosa de ouro, assim como Bento XVI fez em 2010 durante sua visita a Malta.

Além disso, o papa Francisco rezou três "Ave Marias", seguindo uma devoção popular.

O papa também participou de um encontro de oração no átrio do santuário, onde ouviu alguns testemunhos intercalados com cânticos.

Depois da leitura do Evangelho, fez a sua homilia na qual convidou a contemplar “as origens da Igreja com a Virgem Maria e o Apóstolo João aos pés da Cruz”.

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“Irmãos e irmãs, a partir deste Santuário de Ta' Pinu, podemos meditar juntos sobre o novo início que brota da hora de Jesus. Também neste lugar, antes do edifício esplêndido que vemos hoje, havia só uma capelinha em estado de abandono. Já estava aliás decidida a sua demolição: parecia o fim. Mas uma série de acontecimentos mudou o rumo das coisas, como se o Senhor quisesse dizer a esta população: «Não serás mais chamada a “Desamparada”, nem a tua terra a “Deserta”; antes, serás chamada: “Minha Dileta”, e a tua terra a “Desposada”». Aquela capelinha tornou-se o Santuário nacional, meta de peregrinos e fonte de vida nova”, explicou o papa.

O papa Francisco recordou que neste lugar “chegou também são João Paulo II como peregrino, de quem hoje recordamos o aniversário da sua morte. Um lugar que parecia perdido, agora renova, no Povo de Deus, fé e esperança”.

“É preciso estar vigilante para que as práticas religiosas não se reduzam à repetição dum repertório do passado, mas expressem uma fé viva e aberta que difunda a alegria do Evangelho”, alertou o papa.

Nesta linha, o papa convidou "a redescobrir o centro da fé: a relação com Jesus e o anúncio do seu Evangelho ao mundo inteiro" e a desenvolver "a arte de acolher" que não é "mera formalidade, mas em nome de Cristo é um desafio permanente” sobretudo nas “nossas relações eclesiais, porque a nossa missão frutifica se trabalharmos na amizade e na comunhão fraterna”.

Recordando o episódio em que são Paulo foi recebido em Malta, o papa destacou o chamado atual do Evangelho a “ser peritos em humanidade, acender fogueiras de ternura quando o frio da vida paira sobre aqueles que sofrem. E também neste caso, algo importante nasceu de uma experiência dramática, porque Paulo anunciou e difundiu o Evangelho e depois muitos arautos, pregadores, sacerdotes e missionários seguiram seus passos”.

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"Vocês estão em uma posição geográfica crucial, diante do Mediterrâneo como polo de atração e porto de salvação para tantas pessoas abaladas pelas tempestades da vida que, por vários motivos, chegam às suas margens", disse.

E acrescentou: “No rosto destes pobres, é o próprio Cristo que Se apresenta a vocês. Esta foi a experiência do apóstolo Paulo que, depois dum terrível naufrágio, foi calorosamente acolhido pelos seus antepassados”.

Finalmente, o papa disse que Malta é “uma ilha pequena mas de coração grande. São um tesouro na Igreja e para a Igreja. Para cuidar dela, é preciso retornar à essência do cristianismo: ao amor de Deus, motor da nossa alegria, que nos faz sair e percorrer os caminhos do mundo; e ao acolhimento dos outros, que é o nosso testemunho mais simples e belo na terra”.

“Que o Senhor os acompanhe neste caminho e a Virgem Santa os guie. Que Ela, que nos pediu para rezar três Ave-Marias para nos lembrar de seu coração materno, reacenda em nós, seus filhos, o fogo da missão e o desejo de cuidar uns dos outros. Que a Virgem lhes abençoe!”, concluiu o papa.

Por fim, os presentes cantaram o Magnificat, rezaram o Pai Nosso e o papa Francisco deu a bênção.

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