BERLIM, 6 de abr de 2022 às 16:13
O padre Philip G. Bochanski, enviou carta aberta aos cardeais Reinhard Marx, arcebispo de Munique, Alemanha, e Jean-Claude Hollerich, arcebispo de Luxemburgo, que sejam fiéis à doutrina católica sobre sexualidade.
Bochanski é diretor executivo de Courage International, um apostolado da Igreja Católica que ajuda pessoas com atração pelo mesmo sexo a seguir a decisão de viver castamente. O apostolado está em 14 países ao redor do mundo.
A carta aberta intitulada “Vossa Eminência, por favor, mantenha seu juramento”, padre Bochanski expressou sua “séria preocupação” como um “padre engajado por muitos anos no ministério pastoral para pessoas que experimentam atração pelo mesmo sexo”, por algumas declarações recentes de ambos cardeais a respeito do "ensino católico sobre os atos homossexuais".
O padre referiu-se à declaração do cardeal Hollerich de que "o fundamento sociológico-científico” da proibição católica dos atos homossexuais “não é mais correto”, e sua defesa de "uma revisão fundamental da doutrina da Igreja" e "uma mudança de doutrina".
O cardeal Hollerich, presidente da Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia (COMECE) e relator-geral do Sínodo dos Bispos, fez essas afirmações em fevereiro em entrevista à agência católica de notícias alemã KNA.
“O senhor assumiu a mesma posição neste tema, cardeal Marx, e justificou sua posição especificando que ‘o Catecismo não está gravado em pedra’ e que ‘é permitido duvidar do que ele diz’ sobre este importante tema moral”, disse o padre Bochanski em sua carta.
Marx fez essa afirmação em entrevista à revista semanal Stern, na edição de 31 de março, em resposta a uma pergunta sobre "como as pessoas homossexuais, queer ou trans devem ser acomodadas no ensino católico".
O cardeal Marx é membro do Conselho de Cardeais Assessores do papa Francisco e presidente do Conselho de Economia da Santa Sé. Como ex-presidente da Conferência Episcopal da Alemanha, ele também é um dos promotores do Caminho Sinodal Alemão, em que bispos e leigos da Alemanha discutem temas como o exercício do poder, a moralidade sexual, o sacerdócio, o papel das mulheres na Igreja e a bênção de uniões de pessoas do mesmo sexo.
O diretor da Courage International disse ao cardeal Marx que “o parágrafo a que se refere no Catecismo apresenta este ensinamento” sobre a homossexualidade “de uma maneira particularmente forte. Em outras palavras, destaca que o ensinamento é claramente sustentado pelas Sagradas Escrituras e tem sido consistentemente ensinado na Tradição da Igreja (nº 2357)”.
O numeral 2357 do Catecismo da Igreja Católica apresenta quatro citações bíblicas para especificar que os atos homossexuais “são intrinsecamente desordenados”, além de serem “depravações graves”. Este documento foi publicado em 1992 durante o pontificado de são João Paulo II e quando o cardeal Joseph Ratzinger, hoje Bento XVI, era prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
Bochanski disse que “esta invocação das Escrituras e da Tradição é incomum no Catecismo, mas aparece frequentemente quando a Igreja explica o carisma da infalibilidade. Seu uso aqui significa claramente que este ensino, decorrente do fato antropológico da natureza sexuada dos corpos humanos, é um ensino infalível do magistério ordinário universal”.
Em sua carta aos cardeais, padre Bochanski recordou o juramento público de fidelidade que fizeram no dia de sua ordenação. Com ele, se comprometeram a defender "fielmente" a doutrina da Igreja, evitando "qualquer ensinamento contrário a ela". "Vossas Eminências, eu imploro, por favor, sejam fiéis ao seu juramento", escreveu o padre.
“Violar seu juramento neste ensino prejudicaria seriamente as pessoas às quais desejam ajudar sinceramente. ‘Negar esses ensinamentos da Igreja impede’ esses nossos irmãos e irmãs de ‘receber a ajuda de que precisam e merecem’, como escreveu o Dicastério para a Doutrina da Fé em 1986”, observou.
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O documento a que se refere o padre Bochanski é a “Carta aos bispos da Igreja Católica sobre a pastoral das pessoas homossexuais”, publicada em 1º de outubro de 1986 e assinada pelo então cardeal Ratzinger.
“Afirmar que este ensinamento definitivo pode mudar levanta falsas esperanças entre nossos irmãos e irmãs, e certamente os deixa mais esquecidos e ressentidos cada vez que a Igreja se lembra fielmente dele”, continuou o padre.
Bochanski advertiu aos cardeais Marx e Hollerich que "reforçando esse mal-entendido sobre a ordem divina da sexualidade, eles encorajam" os homossexuais "a buscar a felicidade em relacionamentos que, em última análise, não podem satisfazê-los, em vez de buscar a realização em amizades castas”.
O diretor-executivo da Courage International lembrou aos cardeais que as pessoas com atração pelo mesmo sexo “olham para os bispos da Igreja como seus pais espirituais e buscam de vocês a afirmação e o apoio aos compromissos de castidade que assumiram, como fiéis católicos”.
"Violar o juramento que fizeram certamente prejudica a credibilidade moral da Igreja, aos olhos dos fiéis e da opinião do mundo", destacou o padre.
Bochanski também lembrou aos cardeais Marx e Hollerich que, como sucessores dos apóstolos e conselheiros próximos do papa, “sua discordância pública dos ensinamentos da Igreja só pode criar confusão e divisão entre os fiéis, além de ser um escândalo”. “Temo que violar o seu juramento também cause em vocês um grande dano”, disse ele.
O padre também disse que “quebrar um juramento é cometer o pecado de perjúrio, e persistir deliberadamente nesse pecado grave é pôr em perigo a própria salvação eterna”.
O diretor de Courage International disse que teve o “privilégio, quase metade da minha vida, de servir a Igreja de Cristo como sacerdote, e a imensa alegria de servir, por mais da metade do meu sacerdócio, católicos que experimentam atração do mesmo sexo e seus familiares”.
"Vossas Eminências, eu imploro, por favor, sejam fiéis ao seu juramento", disse ele.
Confira também:
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— ACI Digital (@acidigital) April 1, 2022