29 de mar de 2024 às 09:00
Algumas das relíquias da Paixão de Cristo estão guardadas em Roma, coração do cristianismo.
A palavra “relíquia” vem do termo em latim reliquia, que significa “o que fica”. Ao longo dos séculos, esses objetos foram venerados por católicos de todo o mundo e, embora a Igreja não obrigue a acreditar em sua autenticidade, eles ajudam a representar o que um dia aconteceu, trazendo para o presente um momento específico da história de nossa fé.
A Bíblia ensina que Deus age através das relíquias e Roma abriga muitas delas, a maioria delas guardadas nas maiores e mais importantes basílicas, embora geralmente sejam mostradas em pequenas e remotas capelas que convidam ao recolhimento.
Na basílica da Santa Cruz em Jerusalém, um dos templos mais conhecidos da Cidade Eterna, a “capela das relíquias” onde, protegidos por uma vitrine, se conservam alguns dos mais importantes objetos do catolicismo.
Fragmentos da Cruz de Cristo
Essas relíquias foram levadas de Jerusalém para Roma graças a santa Helena, mãe do imperador romano Constantino, que durante uma viagem à Terra Santa, por volta do ano 326, encontrou a verdadeira cruz.
Dentro da basílica existe uma capela dedicada a santa Helena. O chão da capela foi coberto com terra da Terra Santa.
Segundo a tradição, santa Helena localizou o Calvário graças aos testemunhos dos moradores de Jerusalém, que mantiveram a memória do ponto exato apesar da tentativa de distorcer o local com a construção de um templo pagão.
Em suas investigações, santa Helena encontrou inúmeras cruzes, já que o Calvário era um ponto comum de execução. Para descobrir qual era a verdadeira Cruz de Cristo, ela mandou colocar alguns fragmentos ao lado de uma mulher moribunda que, ao tocá-los, se recuperou de sua doença.
Estes três fragmentos são os que estão guardados até hoje no relicário do ano de 1800 nesta capela da basílica da Santa Cruz em Jerusalém.
Além disso, a capela também guarda um dos cravos com que os soldados pregaram Cristo à cruz.
A coroa de espinhos
“Pilatos mandou então flagelar Jesus. Os soldados teceram de espinhos uma coroa e puseram-lha sobre a cabeça e cobriram-no com um manto de púrpura. Aproximavam-se dele e diziam: ‘Salve, rei dos judeus!’. E davam-lhe bofetadas".
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Dois destes espinhos, de que fala o evangelista São João, encontram-se em Santa Cruz em Jerusalém.
Titulus Crucis
A placa com a mensagem, em hebraico, grego e latim "Jesus Nazareno Rei dos Judeus", conhecida como Titulus Crucis e que Pilatos mandou colocar no alto da Cruz de Cristo também está lá.
A proveniência da placa não é clara, mas é possível que tenha sido levada para a basílica no século VI. Nela ainda se conserva a inscrição I. NAZARINVS RE.
O dedo de São Tomé
Há na capela das relíquias um fragmento do patíbulo do bom ladrão, crucificado ao lado de jesus, e outro do dedo de São Tomé, com o qual o apóstolo tocou a chaga de Cristo para se certificar de que Jesus havia ressuscitado: "Tomé, aqui estão minhas mãos, mete os dedos, aqui tens a minha ferida”, conta o Evangelho de São João.
Também numa capela lateral, junto à das relíquias da Paixão, é possível ver uma reprodução moderna do Sudário de Turim ou Santo Sudário.
Outras relíquias da Paixão de Cristo em Roma
A poucos metros de Santa Cruz em Jerusalém fica a de São João de Latrão, a catedral da diocese de Roma onde fica a sede episcopal do bispo de Roma, que é o papa.
Do lado esquerdo do altar principal, há uma capela que guarda um pedaço da mesa onde Cristo celebrou a Última Ceia.
Fora da basílica fica a chamada Escada Santa ou Santo Sanctorum, composta pelos 28 degraus que Jesus subiu antes de ser condenado à morte no Palácio de Pôncio Pilatos.
Na basílica romana de Santa Praxedes está a coluna onde Jesus Cristo foi amarrado para ser flagelado. Ela é pequena. A tradição diz que é porque assim os soldados obrigavam Jesus a ficar com as costas dobradas, o que facilitava o trabalho de chicoteá-lo.
Um fragmento da parte superior da coluna foi dado a são Luís. O rei Luís IX da França, do século XIII, em troca de três dos espinhos da Coroa de Cristo. Dois deles estão em Santa Cruz de Jerusalém e não se sabe onde está o terceiro.
Outra relíquia da Paixão é um pedaço da lança com que o centurião perfurou o lado de Jesus. Está banhada em ouro e guardada na basílica de São Pedro, sobre a estátua de santa Helena, um dos quatro pilares da cúpula central. Foi um sultão turco quem a doou ao papa Inocêncio VIII.