Na manhã de hoje, 19 de maio, o papa Francisco recebeu no Vaticano os participantes da Conferência Internacional do Grupo Santa Marta, que reúne dirigentes de diversas organizações para trabalhar no combate ao tráfico de pessoas e formas de escravidão moderna.

O chamado “Grupo Santa Marta” foi criado pelo papa Francisco como uma aliança global de chefes de polícia, bispos e comunidades religiosas que trabalham em colaboração com a sociedade civil na luta contra o tráfico de pessoas, descrito pelo papa Francisco como “um crime contra a humanidade”. "

Durante o seu discurso, Francisco agradeceu o seu trabalho na tentativa de erradicar estas atividades criminosas, “que ameaçam a dignidade e os direitos de homens, mulheres e crianças, e deixam efeitos duradouros nas vítimas individuais e na sociedade em geral”.

O papa então lamentou que as formas modernas de escravidão existam hoje, "mesmo nas áreas mais desenvolvidas do mundo".

“Espero que a luta contra o tráfico de também leve mais em conta uma série de realidades mais amplas, como o uso responsável da tecnologia e das mídias sociais, e a necessidade de uma visão ética renovada do tráfico de pessoas, vida econômica e social, centrada não no lucro, mas nas pessoas”, disse Francisco.

Ele também enfatizou a necessidade de reintegrar as vítimas do tráfico na sociedade, bem como "ajudá-las no processo de cura e recuperação de sua autoestima".

“Eu os encorajo a perseverar em seus esforços para defender a dignidade dada por Deus a cada pessoa e defender os direitos humanos básicos daqueles que são muitas vezes esquecidos e sem voz”, disse o papa Francisco. “A Igreja é sempre grata por cada expressão de caridade fraterna e de cuidado para com quem foi escravizado e explorado, porque deste modo a misericórdia de Deus se torna visível e o tecido da sociedade é reforçado e renovado”.

Um "canibalismo moderno"

Após o encontro com o papa Francisco, os representantes do Grupo Santa Marta deram uma entrevista coletiva, da qual participou o cardeal Vincent Nichols, presidente do grupo.

Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram

Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:

Em seu discurso, Nichols disse que o grupo procura proteger a dignidade de cada pessoa, dando prioridade aos mais jovens e mais vulneráveis.

Ele também destacou o trabalho para melhorar a educação para aumentar a conscientização sobre as "diferentes formas de escravidão moderna, incluindo as redes de abastecimento que às vezes são usadas pela Igreja e a escravidão que envolve o comércio maligno do tráfico de órgãos humanos. É um canibalismo moderno”, disse.

“Nossa convicção é que esta rede internacional do mal só pode ser derrotada com uma rede internacional de ações boas e concretas”, concluiu o cardeal.

Em sua mensagem aos jornalistas Kevin Hyland, que foi o primeiro Comissário Independente Contra a Escravidão do Reino Unido, disse que durante a conferência feita em Roma por três dias consecutivos, eles refletiram sobre a maneira como podem “trabalhar juntos, deixando de lado as diferenças, para acabar com a escravidão atual e todo tipo de tráfico de pessoas”.

Ele destacou que essa violência gera trilhões de dólares e que uma forma de acabar com ela é impor sanções aos que se beneficiam desse dinheiro "manchado de sangue", bem como "implementar medidas de prevenção que envolvam comunidades de todas as sociedades para colocar um fim a algo que é inaceitável, tanto local como internacionalmente”.

Também participou Roselyn Nambuye, presidente da Associação de Mulheres e Juízes do Quênia, que garantiu que “temos os instrumentos internacionais para acabar com o tráfico de pessoas”.

Explicou também que durante estes dias “aprendemos que nossos governos adotaram esses instrumentos e que devem adaptá-los nos estatutos locais. Há esforços para acabar com isso, mas todos nós que estamos envolvidos temos que agir juntos e precisamos de apoio”, disse.

Por fim, destacou a ajuda que podem prestar aos sobreviventes “que contam a sua experiência e dão apoio às vítimas”, concluiu.

Mais em

Confira também: