O arcebispo de Manaus (AM), dom Leonardo Ullrich Steiner, será o primeiro cardeal da Amazônia brasileira. Para ele, esta nomeação representa um reconhecimento do papa Francisco à Igreja nesta região. “Uma igreja muito viva, das pequenas comunidades, das comunidades eclesiais de base, uma Igreja profundamente encarnada, profundamente inculturada, uma Igreja que possa realmente ouvir os povos indígenas e achar as suas expressões também celebrativas, as suas expressões teológicas de reflexão e de oração”, disse dom Steiner.

Ao final da oração do Regina Coeli ontem (29), o papa Francisco fez o anúncio de um consistório para a criação de 21 novos cardeais, que acontecerá em 27 de agosto. Entre os novos cardeais, estão os dois brasileiros. Na manhã de hoje (30), dom Steiner comentou sobre a nomeação em uma coletiva de imprensa. “É uma alegria para todos nós da Amazônia. A minha nomeação não diz respeito apenas à minha pessoa. Sambemos como o papa Francisco tem um carinho especial pela Amazônia e pela Igreja que está na Amazônia”, disse dom Steiner, que foi nomeado arcebispo de Manaus em novembro de 2019.

O arcebispo contou que após o anúncio do papa ontem, duas pessoas lhe disseram que “a nomeação é fruto do sínodo” para Amazônia, que aconteceu em outubro de 2019. “Talvez seja expressão do sínodo que celebramos. E, talvez mais, o papa esteja pedindo a nossas igrejas que assumam o sínodo, especialmente o texto Querida Amazônia e o documento final do sínodo dos bispos para a Amazônia”.

O documento final do sínodo da Amazônia foi publicado em 26 de outubro de 2019. Nele, os participantes se pronunciam sobre os temas que guiaram as discussões. Entre os assuntos abordados, havia três temas controversos: “ordenar sacerdotes a homens idôneos e reconhecidos da comunidade, que tenham um diaconado permanente fecundo e recebam uma formação adequada para o presbiterado”; “o diaconado permanente para a mulher”; e “a elaboração de um rito amazônico, que expresse o patrimônio litúrgico, teológico, disciplinar e espiritual da Amazônia”.

A exortação apostólica pós-sinodal Querida Amazônia, do papa Francisco, foi publicada em fevereiro de 2020. Nela, o papa formula quatro “sonhos” para a Amazônia: o sonho social, o sonho cultural, o sonho ecológico e o sonho eclesial.

Para o arcebispo de Manaus, com o sínodo, “teremos que dar muitos passos, levar a uma liderança maior dos leigos, que já é muito expressiva, mas também uma Igreja que saiba escutar mais e fazer os leigos participar também nos momentos de decisão”.

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Na coletiva de hoje, ele fez também referência ao Documento de Santarém e afirmou que “a encarnação e a libertação são duas premissas fundamentais para que a Igreja seja realmente a Igreja que é na Amazônia”. O Documento de Santarém foi publicado em 1972, após o IV Encontro da Pastoral da Amazônia, que reuniu bispos e administradores diocesanos da região em Santarém (PA). O documento apresenta as linhas prioritárias da pastoral da Amazônia e afirma que há duas diretrizes básicas: a encarnação na realidade e a evangelização libertadora. Além disso, diz que “um dos objetivos primários da Pastoral Amazônica” deve ser “a criação da Comunidade Cristã de Base”.

Dom Steiner recordou que em 2022, o Documento de Santarém completa 50 anos. “E todos nós bispos nos comprometemos com Santarém e estamos nos comprometendo também com o sínodo”, afirmou.

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